‘Campos Neto tinha que ter vergonha na cara, pegar o boné e ir embora’, diz Gleisi em ato no Rio

Presidente do PT participou de evento ao lado de parlamentares governistas contra o atual nível da Selic, de 13,75%, e pelo fim da autonomia do Banco Central

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RIO - Um ato político pluripartidário contra o elevado nível da Selic reuniu parlamentares da base do governo do presidente Luiz Inácio Lula da Silva na noite desta segunda-feira, 13, no centro do Rio de Janeiro. No evento, que buscava mobilizar a militância, deputados federais do PT, PSOL e PCdoB defenderam o fim da autonomia do Banco Central e a saída de Roberto Campos Neto da presidência da autoridade monetária.

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“Eu acho que o Roberto Campos Neto tinha de ter decência, vergonha na cara, pegar o boné dele e ir embora, e deixar a presidência do Banco Central”, discursou a deputada federal e presidente do PT, Gleisi Hoffmann.

Os parlamentares defenderam a necessidade de promover uma mobilização política e social que dê sustentação às críticas do presidente Lula à política monetária. Gleisi reconheceu que os governistas não têm, no momento, maioria de votos no Senado para retirar Campos Neto da presidência do Banco Central, mas que deve ser feita uma mobilização nesse sentido.

Presidente do PT, Gleisi Hoffmann, afirmou, durante evento no Rio, que Roberto Campos Neto deveria deixar a presidência do BC Foto: Adriano Machado/Reuters - 10/11/2022

“Pode ser que não tenhamos hoje (maioria). Política muda. Agora, se nada fizermos, aí é que não vamos ter mesmo, não é mesmo? Nós temos de fazer o movimento, nós temos de fazer essa organização”, disse Gleisi.

O ato foi convocado pelo deputado federal Lindbergh Farias (PT-RJ) e teve adesão também dos deputados Guilherme Boulos (PSOL-SP), Jandira Feghali (PCdoB-RJ), Reimont (PT-RJ), Tarcísio Motta (PSOL-RJ) e Pastor Henrique Vieira (PSOL-RJ).

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“O embate com o Campos Neto é político, não é econômico. Ele representa um projeto que não foi eleito nas urnas, ele não podia estar onde ele está”, afirmou Gleisi. “Presidente do Banco Central vai ter mandato. No mínimo, o mandato tinha de ser coincidente com o mandato do presidente da República.”

Em seu discurso, Boulos parabenizou Gleisi pela “coragem” e por se manter “combativa”. Festejado por parlamentares presentes como futuro candidato à Prefeitura de São Paulo, o parlamentar do PSOL paulista convocou a realização de novos atos na semana que vem, unindo sindicatos e movimentos sociais em defesa do corte na taxa básica de juros. A ideia é que haja um evento em São Paulo na próxima segunda-feira, 20, seguido de uma manifestação na terça-feira, 21, em frente à sede do Banco Central em Brasília, no primeiro dia de reunião do Comitê de Política Monetária (Copom) para definir os rumos da taxa básica de juros, atualmente em 13,75% ao ano.

“Vamos todo mundo terça-feira que vem tomar as ruas para baixar os juros”, conclamou Boulos.

Lindbergh, que lidera a formação de uma Frente Parlamentar na Câmara dos Deputados contra os juros altos, lembrou do risco de recessão econômica e de aumento do desemprego por causa do desaquecimento já em curso da atividade econômica, como reflexo da política monetária restritiva. Lindbergh mencionou que os efeitos nocivos à economia poderiam resultar em manifestações contra o governo e queda de popularidade do presidente.

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“É uma armadilha, estão querendo amarrar o presidente Lula”, disse Lindbergh. “Eles querem jogar o Brasil numa recessão econômica.”

Jandira Feghali defendeu o fim da adoção de metas anuais de inflação, sugerindo que poderiam ser substituídas por médias a cada três anos. A deputada pediu ainda que se abra uma discussão sobre uma possível ampliação da composição do Conselho Monetário Nacional (CMN), de forma que incluísse sindicatos e empresários, e também um debate sobre a composição do Copom.

“Tudo isso é possível, mas isso é uma discussão da política”, defendeu Jandira.

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