Canadá diz estar reforçando laços com ‘parceiros comerciais confiáveis’ após tarifaço de Trump

Primeiro-ministro canadense anunciou nesta quinta-feira tarifas de 25% sobre todos os veículos importados dos EUA que não estejam dentro do acordo USMCA

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Foto do author Pedro Lima

O primeiro-ministro do Canadá, Mark Carney, afirmou nesta quinta-feira, 3, que seu paíos está reforçando laços com outros parceiros comerciais. “Parceiros confiáveis são mais importantes que nunca, com as tarifas de Donald Trump”, disse. Ele revelou ter conversado com líderes como a presidente do México, Claudia Sheinbaum, o chanceler alemão, Olaf Scholz, a presidente da Comissão Europeia, Ursula von der Leyen, o primeiro-ministro britânico, Keir Starmer, e o presidente francês, Emmanuel Macron.

Sobre a Alemanha, Carney adiantou: “Em minha conversa com o chanceler Scholz nesta manhã, concordamos em fortalecer a diversificada relação comercial entre o Canadá e a Alemanha”. A aproximação com a Europa surge como uma alternativa à dependência do mercado americano.

Parceiros confiáveis são mais importantes do que nunca, disse Carney Foto: Dave Chan/AFP

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Carney não demonstrou otimismo quanto a uma reversão das tarifas americanas no curto prazo. “Particularmente, não acho que Trump recuará sobre tarifas. O caminho será longo”, declarou. Ele ainda alertou que “as tarifas dos EUA nos exigirão decisões difíceis e sacrifícios”, mas garantiu que o governo canadense “vai lutar para que tarifas ilegais dos EUA cheguem ao fim”.

“Os Estados Unidos são nossos aliados, sem dúvidas. Mas parte de nossa relação acabou, como já falei semana passada e voltei a falar hoje”, declarou Carney. “A confiança mútua é a parte da nossa relação que chegou ao fim. Temos de responder e estamos respondendo às medidas dos EUA.”

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Enquanto isso, o premiê destacou a necessidade de preparar a economia doméstica: “Precisaremos derrubar barreiras internas para unificar a economia do país. Nossas crianças precisam sonhar com um futuro bom, não com uma crise econômica”.

Barreiras

Uma das respostas do Canadá às tarifas de Trump foram anunciadas também nesta quinta-feira: a imposição de tarifas de 25% sobre todos os veículos importados dos Estados Unidos que não estejam dentro do acordo USMCA (o acordo comercial entre os países da América do Norte assinado pelo próprio Trump durante sua primeira passagem pela Casa Branca). A medida é uma resposta direta às tarifas sobre o setor automotivo impostas pelo governo americano, que Carney classificou como “ilegais” e contrárias a qualquer pacto comercial entre os dois países.

Apesar da escalada tensa, Carney destacou que as novas tarifas canadenses não afetarão autopeças nem veículos vindos do México, aliado comercial no USMCA, já que o país “respeita termos de acordos com Canadá”. “Todo valor arrecadado com nossas tarifas automotivas será direcionado a proteger os trabalhadores da indústria automotiva”, afirmou, sinalizando um esforço para proteger o setor doméstico.

Carney revelou que já havia dito a Trump na semana passada que retaliaria as tarifas americanas sobre automóveis. O premiê também afirmou que as tarifas retaliatórias anteriores do Canadá também permanecem em vigor e negou que esteja coordenando, no momento, retaliações conjuntas com outros países.

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