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PP e Republicanos vão ao STF para invalidar MP que retoma ‘voto de qualidade’ no Carf

Volta do instrumento integra pacote econômico anunciado por Haddad em janeiro

Foto do author Iander Porcella

BRASÍLIA - O PP e o Republicanos afirmaram que vão entrar com uma ação no Supremo Tribunal Federal (STF) nesta segunda-feira, 6, para invalidar a medida provisória que retomou o voto de desempate a favor do governo nos julgamentos do Conselho de Administração de Recursos Fiscais (Carf). A volta do instrumento faz parte do pacote econômico anunciado em janeiro pelo ministro da Fazenda, Fernando Haddad, mas enfrenta resistência no Congresso.

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O Carf é o tribunal administrativo que julga recursos dos contribuintes a autuações da Receita Federal antes de os processos irem à Justiça. Em 2020, o Congresso havia aprovado o fim do chamado “voto de qualidade”, que permitia o desempate nos julgamentos a favor do governo. O dispositivo, contudo, foi retomado com a MP editada pelo presidente Luiz Inácio Lula da Silva.

O PP e o Republicanos dizem que entrarão com uma Ação Direta de Inconstitucionalidade (ADI) no STF com o argumento de que o governo quer se sobrepor a um entendimento da própria Corte. Em março deste ano, o Supremo formou maioria para validar o fim do “voto de qualidade” no Carf, mas o julgamento foi interrompido por um pedido de vistas do ministro Kassio Nunes Marques.

“A justificativa apresentada pelo Governo para tomar tal medida é de que a legislação atual tem diminuído a arrecadação fiscal. Não foi apresentada nenhuma necessidade social da matéria nem argumentos sobre a relevância e urgência, fundamentais para a apresentação de uma MP”, afirmam os dois partidos, em nota.

O Carf é composto por 130 conselheiros. Metade dos membros são auditores fiscais, que representam a Fazenda Nacional. O restante é composto por integrantes de confederações e entidades de classe, que representam os contribuintes. O “voto de qualidade” dava a um representante da Fazenda Nacional o direito de desempatar os julgamentos. Com o fim do instrumento em 2020, passou a valer o entendimento de que, em caso de empate, a decisão seria favorável ao contribuinte.

“Temos certeza que a MP será suspensa e a lei aprovada pela maioria do Congresso Nacional e chancelada na sua constitucionalidade pela maioria dos ministros do STF voltará a valer pelo bem do Brasil”, afirma o senador Ciro Nogueira (PP-PI), ex-ministro da Casa Civil do governo Bolsonaro e presidente do PP.

O ministro Fernando Haddad (Fazenda) Foto: Isaac Fontana/EFE

Na última sexta-feira, 3, a Frente Parlamentar do Empreendedorismo (FPE) propôs que as indicações para o Carf, incluindo o presidente do tribunal, sejam submetidas ao Congresso. A FPE, que reúne mais de 200 congressistas, também tenta esvaziar a MP do governo.

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A emenda apresentada pelo deputado Danilo Forte (União Brasil-CE), integrante da Frente, prevê que as indicações de conselheiros do Carf e do presidente do tribunal sejam submetidas à Comissão de Finanças e Tributação (CFT) da Câmara e à Comissão de Assuntos Econômicos (CAE) do Senado. O governo e as confederações representativas de categorias econômicas e centrais sindicais teriam de enviar ao Legislativo listas tríplices com nomes para o Carf.

A emenda da FPE ainda prevê a manutenção do piso de 60 salários mínimos para que uma ação seja julgada pelo Carf. A MP de Haddad aumenta esse limite mínimo para mil salários mínimos.

O ministro da Fazenda se reúne nesta segunda com líderes da Câmara para discutir o teor da MP do Carf e da que trata da transferência do Conselho de Controle de Atividades Financeiras (Coaf) do Banco Central para o Ministério da Fazenda.

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