O Carrefour Brasil informou nesta quarta-feira, 24, que chegou a um acordo para adquirir o Grupo Big (ex-Walmart Brasil) por R$ 7,5 bilhões. A operação será estruturada em duas etapas: o pagamento, em dinheiro, de R$ 5,25 bilhões aos atuais controladores da empresa, o fundo de private equity Advent International e Walmart, e a incorporação dos 30% remanescentes do capital social pela subsidiária do grupo francês.
A transação, que o Carrefour Brasil espera ser aprovada pelo Conselho Administrativo de Defesa Econômica (Cade) em 2022, tem o potencial de gerar sinergias de R$ 1,7 bilhão ao Ebitda (lucros antes de juros, impostos, depreciação e amortização) da companhia após três anos da conclusão da operação.
"A aquisição do Grupo Big expandirá a presença do Carrefour Brasil em regiões onde tem penetração limitada, como o Nordeste e Sul do País, e que oferecem forte potencial de crescimento. A rede de lojas do Grupo Big, portanto, apresenta forte complementaridade geográfica", diz a companhia, em comunicado enviado à Comissão de Valores Mobiliários (CVM).
O Grupo Big detém ativo imobiliário de 181 lojas (47% do total) e 38 propriedades adicionais, totalizando aproximadamente R$ 7 bilhões de valor imobiliário, de acordo com uma análise independente. O Carrefour Brasil planeja converter as unidades Maxxi em Atacadão e parte das lojas Big e Big Bompreço para Atacadão ou Sam's Club. As demais lojas serão convertidas para a bandeira de hipermercado Carrefour.
As ações de Carrefour Brasil lideraram as altas do Ibovespa nesta quarta, fechando com ganho de 12,87%. Em termos de valor de mercado, a varejista de alimentos ganhou cerca de R$ 6 bilhões nas primeiras horas de negociação. O consenso do mercado é que a compra do Grupo Big eleva o patamar da empresa no mercado brasileiro ao unir duas das três maiores empresas do setor.
Aprovação do negócio
O Carrefour Brasil espera não enfrentar grandes dificuldades para aprovar a compra do Grupo Big no Cade. Os executivos da varejista acreditam que, pela complementaridade de formatos e presença geográfica das duas companhias, o órgão de proteção à concorrência não deve impor remédios amargos à operação.
"Não vemos muitas dificuldades no Cade porque são modelos completamente diferentes. Eles têm supermercados onde não temos muito, repartição geográfica onde temos poucas presenças", disse Noël Prioux, CEO do Carrefour Brasil, em coletiva de imprensa para falar sobre a transação.
Os executivos do Carrefour destacaram que a empresa conseguiu crescer em vendas mesmo com o cenário econômico complicado trazido pela covid-19. Prioux acredita que, nesse sentido, será importante sinalizar aos órgãos reguladores que a pretensão da empresa é criar empregos e "dinamizar a economia" com a compra. "Todos os países têm dificuldades. O importante é mostrar que estamos fazendo o negócio para dinamizar a economia."
Segundo os executivos, a empresa gerou 7 mil empregos no ano passado - e espera gerar mais ao aumentar a intensividade das vendas do Big.
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