SÃO PAULO E BRASÍLIA - O ministro da Fazenda, Fernando Haddad, disse nesta sexta-feira, 26, que sua pasta e o Ministério da Indústria, o MDIC, devem fazer contas até domingo sobre o impacto do desconto tributário a automóveis até R$ 120 mil, anunciada na quinta-feira. A intenção é apresentar os detalhes do programa, uma tentativa de resgate do carro popular, na próxima semana, antes do prazo de 15 dias dado pelo presidente Luiz Inácio Lula da Silva.
Em entrevista à GloboNews, Haddad adiantou que o programa não deve chegar a um quarto do impacto fiscal estimado pelo mercado, de R$ 8 bilhões. As contas, disse Haddad, vão considerar a perspectiva de redução dos juros, que deve tornar desnecessário o estímulo às vendas de carros antes do fim do ano.
Os cálculos preliminares já foram feitos, mas a equipe econômica precisa fechar a equação seguindo os critérios da Lei de Responsabilidade Fiscal (LRF), segundo o ministro. “Não posso apresentar conta ao presidente sem estar fechada”, explicou.
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Haddad afirmou que os incentivos serão temporários e têm o objetivo de apoiar o setor na transição entre o início do ciclo da queda dos juros e a recuperação do mercado. Ele classificou a tentativa de resgate dos carros populares como um programa “tópico”, que, prometeu, não vai se estender para além deste ano. “Estamos falando de um programa que pode durar três ou quatro meses, não é estrutural”, declarou. Ele afirmou que a duração ainda está em definição.
O ministro citou o fechamento de montadoras nos últimos anos ao justificar a preocupação com a estagnação do mercado de carros. Com o início dos cortes de juros, inflação controlada e melhora na perspectiva de crescimento econômico, projetou, as vendas de bens duráveis devem se recuperar com a volta do crédito, tornando os estímulos desnecessários. “Tem um hiato que está nos preocupando.”
Ao rebater críticas de que a desoneração dos carros não atende consumidores de baixa renda, o ministro da Fazenda sustentou que o governo tem tomado medidas para todas as classes sociais, citando o reforço do Bolsa Família, o reajuste acima da inflação do salário mínimo e a atualização da tabela do Imposto de Renda.
“Estamos com foco em todos os problemas herdados e direcionando soluções”, afirmou. “Não passa perto de um programa para 12 meses, estamos discutindo o prazo”, acrescentou o ministro.
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