Carro popular: medida pode custar até R$ 600 milhões ou ‘um pouco mais’, diz secretário do Tesouro

Rogério Ceron afirmou que impacto fiscal de benefícios do governo para a indústria automobilística está longe do cenário ‘de alguns bilhões’

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Foto do author Thaís Barcellos
Por Fernanda Trisotto e Thaís Barcellos (Broadcast)

BRASÍLIA - O secretário do Tesouro Nacional, Rogério Ceron, afirmou nesta terça-feira, 30, que o impacto fiscal das medidas anunciadas pelo governo para reduzir o custo de carros populares pode variar de R$ 500 a R$ 600 milhões “ou um pouco mais”, mas estaria longe do cenário de “alguns bilhões” que foi especulado inicialmente.

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“É complicado adiantar (o impacto), porque depende do cenário, do prazo de duração”, disse, acrescentando que o ministro da Fazenda, Fernando Haddad, ainda vai validar com o presidente Luiz Inácio Lula da Silva os parâmetros.

“Dependendo da política e da duração, pode ser um impacto dessa ordem (R$ 500 a R$ 600 milhões), ou um pouco maior, nenhum deles próximo daqueles cenários que foram ventilados no início de alguns bilhões”, disse.

O secretário afirmou que o programa está sendo refinado pela área econômica com o Ministério do Desenvolvimento, Indústria, Comércio e Serviços (MDIC), em relação aos termos políticos e econômicos.

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“Haddad já sinalizou que será um período transitório, de três a quatro meses, com impacto fiscal limitado, que será integralmente compensado. Medida específica de compensação vai depender de prazos, mas os estudos estão avançados para apresentar a Lula e Alckmin”, afirmou.

Segundo Ceron, ainda não há definição sobre as medidas de corte de impostos para estimular a indústria automotiva, como anunciou o governo na semana passada. Ele disse que a equipe econômica busca soluções para a recomposição integral da renúncia de receitas, e não somente do que é obrigatório pela Lei de Responsabilidade Fiscal (LRF).

Arrecadação com a regulamentação das apostas esportivas é uma das alternativas em estudo pelo governo para compensar parte do corte de tributos federais no programa de incentivo à compra de carros populares Foto: Nilton Fukuda/Estadão

Dentre as opções estudadas, o governo poderia optar pela redução em IPI e IOF, impostos regulatórios, que não demandam compensação obrigatória conforme a LRF. Segundo ele, a opção pela recomposição integral deve-se à intenção de não afetar a trajetória das contas públicas. O governo projeta um rombo de cerca de 1% do PIB em 2023.

“A equipe econômica tem apresentado soluções que permitam a recomposição integral, na linha que estamos sinalizando de avançar na trajetória fiscal e não de piorar a trajetória fiscal, para que não tenhamos alteração da trajetória fiscal no exercício. Idealmente, o intuito é compensar integralmente, mesmo que não demande a lei.”

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Em busca de receita

Como revelou o Estadão, a arrecadação com a regulamentação das apostas esportivas é uma das alternativas em estudo pelo governo para compensar parte do corte de tributos federais no programa de incentivo à compra de carros populares.

A proposta inicial da equipe do vice-presidente Geraldo Alckmin no MDIC era anunciar um programa de R$ 2 bilhões, dos quais R$ 1 bilhão viria do corte do PIS/Cofins e o restante do Imposto sobre Produtos Industrializados (IPI) e do Imposto sobre Operações Financeiras (IOF).

Os atos legais para a compensação do PIS/Cofins precisam ser editados com o corte dos impostos. Dessa compensação dependerá o tamanho do programa para o carro popular e o seu prazo de duração. Segundo o Estadão apurou, porém, a equipe do Ministério da Fazenda não conseguiu gerar ainda uma compensação de R$ 1 bilhão do PIS/Cofins.

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