A Eve, subsidiária da Embraer, desenvolve no Brasil uma aeronave elétrica de pouso e decolagem vertical (eVTOL) que já conta com mais de 2.700 unidades encomendadas por 26 clientes espalhados em 12 países, segundo Daniel Moczydlower, presidente do braço de inovação da companhia.
Ainda em fase de testes, o “carro voador”, como é conhecido, está previsto para chegar ao mercado entre o fim de 2026 e início de 2027. Desde o ano passado, o chamado EVE-100 passa por um processo de certificação na Agência Nacional de Aviação Civil (Anac), que inclui testes e avaliações técnicas que visam garantir a segurança da aeronave.
O eVTOL projetado pela Embraer possui oito rotores responsáveis pelo pouso e decolagem verticais e dois rotores responsáveis pelo deslocamento horizontal – a característica é considerada um dos pontos cruciais para o desenvolvimento massivo da mobilidade urbana aérea, pois, com pouso e decolagem verticais, não há necessidade de pistas longas.
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Os múltiplos rotores também trazem mais segurança para a aeronave, que distribui os riscos em caso de pane elétrica, por exemplo. O sistema do carro voador é similar ao das grandes aeronaves modernas, o fly-by-wire: um sistema eletrônico interligado por fios e cabos elétricos que atua no controle do voo. Com esse sistema, qualquer ação dada pelo piloto é analisada pelos computadores antes de ser repassada para a aeronave.
Outra vantagem é que ele é 100% elétrico, ou seja, não emite gases poluentes. Além de oferecer um deslocamento sustentável, o carro voador elétrico tem uma pegada de ruído reduzida em comparação aos aviões e helicópteros.
A aeronave tem capacidade para transportar quatro passageiros com um piloto a bordo. Segundo a Embraer, cada passageiro poderá levar uma bagagem de mão padrão, do mesmo tamanho e tipo aceito pelas companhias aéreas. A cabine também poderá acomodar cadeiras de rodas dobradas e todos os bancos serão removíveis. A expectativa é que, quando o voo se tornar autônomo, a aeronave possa transportar até seis pessoas.
Movido a bateria, o veículo voador elétrico terá uma autonomia de 10 a 15 minutos, podendo percorrer distâncias entre 60 e 80 quilômetros. Essa é a distância mais comum para demanda do eVTOL, conforme estudo desenvolvido pelo Instituto de Tecnologia de Massachusetts (MIT) para a Embraer. Por esse motivo, os eVTOLs devem operar como táxis aéreos, com venda de trajetos avulsos para viagens compartilhadas.
Segundo Moczydlower o projeto mira na classe média em vez de restringir o serviço a um público de executivos ou às classes mais altas. Os preços das viagens, ainda em fase de estudos pela Embraer, estão até o momento entre US$ 50 e US$ 100 (entre R$ 250 e R$ 500) por trajeto.
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