A Anfavea, entidade que representa as montadoras, revisou nesta sexta-feira, 6, as projeções para o desempenho do setor neste ano, passando a prever agora uma estagnação - alta de apenas 0,1% - na produção de veículos. A previsão anterior, feita no início do ano, era de crescimento de 2,2%.
Se o novo prognóstico for confirmado nos três últimos balanços mensais do ano, 2023 fechará com 2,37 milhões de veículos montados, na soma de carros de passeio, utilitários leves, caminhões e ônibus.
A revisão reflete os desempenhos antagônicos das exportações, que frustram a indústria, e do consumo interno de veículos, que supera as expectativas iniciais. Na esteira da queda de 11,2% acumulada desde o início do ano, piorou, de 2,9% para 12,7%, a expectativa de redução dos embarques de veículos em 2023.
Segundo a Anfavea, o ano caminha para terminar com 420 mil veículos exportados, 47 mil a menos do que os 467 mil projetados anteriormente. A redução ao redor de 30% das entregas aos mercados da Colômbia e do Chile, em paralelo à desaceleração recente das vendas para a Argentina, dadas as incertezas associadas às eleições que acontecem neste mês no país, explica o desempenho ruim das exportações neste ano.
Já a projeção de crescimento das vendas de veículos no Brasil subiu de 3% para 6%, com 2,23 milhões de unidades previstas para este ano. O presidente da Anfavea, Marcio de Lima Leite, ponderou, no entanto, que dois terços (67%) do aumento da previsão (62 mil veículos) vêm do avanço de veículos importados no mercado local.
O executivo disse que a entidade vem conversando com o governo para que exista um equilíbrio entre o crescimento da indústria nacional e das importações.
Desempenho de setembro
De acordo com os números da Anfavea, as montadoras produziram 208,9 mil veículos no mês passado, volume que representa uma pequena alta de 0,5% sobre o total produzido no mesmo período de 2022. Na comparação com agosto, um mês com três dias úteis a mais, a produção recuou 8%, em resultado também comprometido pelo desempenho ruim das exportações.
O resultado leva a produção acumulada desde o início do ano para 1,75 milhão de unidades, praticamente uma repetição, com leve queda de 0,3%, do total de veículos montados nos nove primeiros meses de 2022.
O mercado mostrou reação no ritmo de vendas, ainda que longe de voltar ao patamar de antes da pandemia como desejava a indústria após o fim da crise de abastecimento de componentes eletrônicos, responsável por paralisar por diversas vezes as fábricas de automóveis nos últimos dois anos.
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Frente a setembro de 2022, as vendas de veículos subiram 1,9% no mês passado, para 197,7 mil unidades. Já na comparação com agosto, setembro mostrou queda de 4,8%. A variação na margem só ficou negativa, porém, em razão do calendário com três dias úteis a menos de setembro. A média de cada dia de venda do mês passado, de 9,9 mil veículos, só ficou atrás neste ano da registrada em julho, quando o mercado, no embalo dos descontos patrocinados pelo governo, fez 10,7 mil unidades a cada dia de venda.
Os licenciamentos de veículos mostram agora crescimento de 8,5% desde o início do ano, somando 1,63 milhão de veículos de janeiro a setembro. O balanço da Anfavea mostra ainda queda de 3,9% das exportações, no comparativo de setembro com igual mês de 2022. Os embarques, de 27,4 mil veículos no mês passado, caíram 20,6% ante agosto.
Desde o primeiro dia de 2023, 322,9 mil veículos foram exportados, tendo México, Argentina, Chile e Colômbia como os principais destinos. O volume representa uma queda de 11,2% frente aos nove primeiros meses do ano passado.
Segundo o levantamento da Anfavea, 440 vagas de trabalho foram abertas em setembro nas montadoras, que agora empregam 100,6 mil pessoas.
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