As empresas exportadoras ou com operações internacionais diversificadas, além do setor financeiro, lideram as recomendações das oito corretoras, bancos e assets ouvidas pelo
Estado
. O segmento educacional e as companhias que pagam bons dividendos também aparecem na lista.
Apesar de amargar um recuo de 3,95% nos últimos 12 meses, a ação ON da Ambev foi a mais indicada pelos analistas, com cinco recomendações. No ano da Copa do Mundo, o papel da cervejaria foi afetado por indefinições na área fiscal, o que prejudicou o seu desempenho.
Por pressão do setor, a alta do imposto para bebidas frias foi adiada diversas vezes. A nova previsão é janeiro de 2015, mas as alíquotas seguem indefinidas. Mesmo assim, segundo os analistas consultados, a empresa reúne fatores essenciais para o atual momento: boa geração de caixa, marca forte e mercado diversificado.
"Dado o complexo cenário macroeconômico, o primeiro ponto é buscar empresas que sejam exportadoras ou tenham operações no exterior", afirma Luiz Pinho, especialista em renda variável do UBS WM Brasil. O objetivo é tentar capturar a tendência de longo prazo de depreciação do real e fugir da desaceleração econômica no Brasil.
Esse raciocínio também vale para a Embraer, que recebeu três recomendações e é o segundo destaque da carteira, atrás da Ambev. Além de ter suas receitas atreladas ao dólar, a fabricante de aviões "está com as áreas financeira e empresarial bastante redondas e enxutas", diz Danilo de Júlio, da corretora Concórdia.
Mas os analistas alertam que será difícil neutralizar por completo a deterioração econômica - que atingirá de alguma forma a lucratividade das empresas. "Algumas companhias, no entanto, tendem a sofrer menos no médio e longo prazos, seja por possuírem caixa previsível, por serem boas pagadoras de dividendos ou por não estarem tão alavancadas", diz Sandra Peres, analista-chefe da Coinvalores.
A volatilidade também continuará presente: "Não será tanto como agora, que é um caso à parte, mas a oscilação vai ser mais forte do que em 2013 e 2012", comenta Pedro Paulo Silveira, economista-chefe da TOV Corretora.
Outro setor que teve destaque na carteira é o de educação. A Ser Educacional recebeu duas indicações, mas Kroton e Estácio também foram citadas. "O segmento vem de uma expansão expressiva em 2014. E há uma demanda grande pelo serviço, que está ficando cada vez mais barato por conta dos ganhos de escala", diz Ivo Seixas, da Um Investimentos.
O
Estado
consultou as corretoras Ativa, Clear, Concórdia, Coinvalores, TOV e Um Investimentos, o banco UBS e a BBT Asset.
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