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Jornalista e comentarista de economia

Análise | A COP-30 carregada de problemas

Evento é a oportunidade para o País se tornar líder nas negociações sobre mudanças climáticas, mas a sua realização aponta para mais problemas políticos, logísticos e até mesmo ambientais do que para soluções

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Foto do author Celso Ming
Foto do author Pablo Santana

Faltam apenas oito meses para o início da Conferência das Nações Unidas sobre as Mudanças Climáticas de 2025 (COP-30), que se realizará em Belém. Mas a realização do evento aponta para mais problemas políticos, logísticos e até mesmo ambientais do que para soluções.

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O maior risco é o de que o Brasil sedie mais uma COP sem avanços no enfrentamento das mudanças climáticas.

O primeiro grande entrave é o do provável enfraquecimento da cooperação internacional que se segue à ausência nos debates das autoridades dos Estados Unidos, um dos maiores poluidores do mundo. Além da retirada do Acordo de Paris, o presidente Donald Trump anunciou grande reforço à produção de combustíveis fósseis.

Na última terça-feira, 260 organizações não governamentais publicaram carta enviada ao governo brasileiro em que pedem o fim da influência de lobistas do setor de combustíveis fósseis nas discussões da conferência. As últimas três conferências do clima da ONU Egito (2022), Emirados Árabes Unidos (2023) e Azerbaijão (2024) foram sediadas em potências petrolíferas - condição que, segundo ambientalistas, vem travando o debate sobre a eliminação progressiva dos combustíveis fósseis nas matrizes energéticas.

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As edições anteriores da COP também não produziram um acordo satisfatório sobre o financiamento de países desenvolvidos às iniciativas de economias emergentes destinadas a neutralizar o efeito estufa. Na campanha eleitoral, o presidente Lula prometeu a retomada da política ambiental destroçada pela boiada do governo Bolsonaro mas, até o momento, não conseguiu convencer o mundo de que essa é uma prioridade.

Na última edição da revista Science, uma das principais publicações científicas do mundo, o Brasil foi criticado em editorial porque a maioria das políticas do governo Lula promove ações que aumentam as emissões de gases poluidores.

O desmatamento na Amazônia Legal aumentou 68% em janeiro de 2025 na comparação anual, conforme dados do Instituto do Homem e Meio Ambiente da Amazônia (Imazon). A área de destruição florestal totalizou 133 km² ou mais de 400 campos de futebol destruídos por dia.

Organização da COP-30 segue marcada por problemas logísticos e polêmicas ambientais.  Foto: Marcos Müller/Estadão

À frente do Ministério do Meio Ambiente e Mudança do Clima, Marina Silva parece enfraquecida. Não consegue promover ações efetivas. A última NDC brasileira (como é chamado o compromisso que define metas para a redução de emissões de gases de efeito estufa) foi considerada fraca e destituída de ambição. Os Planos de Ação para Prevenção e Controle do Desmatamento para o Pantanal e a Caatinga foram apresentados apenas em dezembro do ano passado, depois que os biomas foram castigados nos primeiros anos de governo. E ainda segue sem definição o imbróglio sobre a exploração de petróleo na Margem Equatorial.

Outro grande desafio para a realização da Conferência é de natureza logística. A infraestrutura urbana de Belém não comporta o evento, que vai receber mais de 50 mil pessoas. Os aluguéis de imóveis e hospedagem dispararam por causa da escassez de vagas. Para facilitar o tráfego na capital paraense, uma rodovia está sendo aberta em área de floresta protegida, sob críticas, pelo desmatamento e pelo impacto potencial produzidos sobre o ecossistema.

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Embora o embaixador André Corrêa do Lago, presidente da COP-30, tenha dito recentemente que a crise climática deve ser tratada como a emergência que representa, o governo Lula não vem dando ao evento e à pauta a prioridade necessária.

Análise por Celso Ming

Comentarista de Economia

Pablo Santana

Repórter da editoria de Economia, atua na Coluna do Celso Ming desde 2021. Formado pela Universidade Federal da Bahia, com extensão em Jornalismo Econômico realizada durante o 9º Curso Estado de Jornalismo Econômico.

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