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Jornalista e comentarista de economia

Opinião | A vez da energia eólica em alto-mar

O País precisa avançar na criação do marco legal para essa fonte de energia emergente ou pode comprometer o desenvolvimento dos vários projetos anunciados

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A Petrobras anunciou nesta quarta-feira o desenvolvimento de projetos de parques eólicos em alto-mar (offshore) com 23 gigawatts (GW) de capacidade instalada, o equivalente a 1,6 vez a capacidade de Itaipu, a maior hidrelétrica do Brasil.

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Os investimentos na geração eólica offshore marcam a retomada da estratégia da companhia em energia renovável.

Pelos cálculos da Empresa de Pesquisa Energética (EPE), os sete mil quilômetros de costas do Brasil podem proporcionar investimentos destinados a uma capacidade de 700 GW.

Dados do Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Renováveis (Ibama), organismo responsável pelos processos de licenciamento ambiental, dão conta de que já há protocolados no Brasil 78 projetos de complexos eólicos offshore, que totalizam 189 GW de potência – 7 vezes maior que a atual participação da geração eólica na matriz elétrica brasileira.

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Além da Petrobras, outras grandes empresas estão de olho nesse mercado, principalmente as petroleiras, entre elas Shell, Equinor e Total.

Mas este é um segmento que precisa de urgente regulamentação para que possa viabilizar investimentos de centenas de bilhões de dólares. A questão central consiste em saber em que condições a União vai autorizar o direito de uso das áreas marítimas, matéria que exige lei específica e está em discussão no Congresso. O atraso já empurrou para 2024 os primeiros leilões de cessão de área no mar.

Sem regras definidas e sem segurança jurídica, não há como progredir nesse tipo de geração, fundamental para obtenção do hidrogênio verde, que, por sua vez, abrirá enorme mercado ao redor do mundo destinado a substituir energia de fonte fóssil.

“O Brasil precisa tomar posição rapidamente para poder aproveitar as novas tecnologias nessa área. A cadeia de suprimentos de renováveis passa por forte pressão de demanda, e sem definições não há como garantir recursos”, adverte Elbia Gannoum, presidente da Associação Brasileira de Energia Eólica.

Há quem argumente que a prioridade deva concentrar-se em investimentos de parques eólicos em terra, cujos custos são hoje mais baixos. No entanto, como explica Elbia, até que os primeiros projetos entrem em operação – se não houver mais atrasos, a previsão é para 2030, os custos de implantação de complexos em alto-mar cairão substancialmente, graças aos avanços da tecnologia. Essa queda de custos deverá garantir forte competitividade da geração offshore em relação a outros tipos de geração de energia limpa.

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Como já dito nesta Coluna, essa lentidão pode sair caro demais para o Brasil. E isso não só pelo não aproveitamento das condições naturais que garantiriam os fartos investimentos disponíveis no mercado internacional, mas, também, pela perda das oportunidades de avançar na revitalização da indústria brasileira e garantir a inserção dos produtos locais nos novos fluxos globais baseados na economia sustentável e de baixo carbono./COM PABLO SANTANA

Opinião por Celso Ming

Comentarista de Economia

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