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Jornalista e comentarista de economia

Opinião|Certa melhora na economia

Apesar do cenário favorável, o maior risco do governo ainda é a ala mais radical do PT e seu ‘modus operandi’ com excesso de intervencionismo na política econômica e práticas protecionistas

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O ambiente da economia dá sinais de melhora. Mas ainda sobram dúvidas se trata-se apenas de novo voo de galinha ou se, finalmente, o que estava empacado vai dar voo de cruzeiro.

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A inflação, que há um ano chegou em 11,8% em 12 meses, caiu para 3,16%, graças à evolução negativa dos preços (de 0,08%) em junho deste ano. E aumentam os observadores que já apostam em inflação na meta no fim de 2023, ou seja, em 4,75%, incluída aí a margem de tolerância de 1,5 ponto porcentual para além do olho da meta (3,25%).

A renitente inflação de serviços é obstáculo para que se projete um corte de mais de 0,25 ponto porcentual nos juros básicos, hoje em 13,75% ao ano, na decisão do Copom no próximo dia 2 de agosto. Mas pode ser o início de novo ciclo de queda dos juros.

O Banco Central já vinha repetindo nos seus comunicados que a elevada inflação nos países líderes atuava contra uma flexibilização maior da política monetária. Mas, nesta quarta-feira, a inflação nos Estados Unidos veio abaixo do esperado, o que afastou os temores de um reforço nos juros pelo Federal Reserve, o banco central dos Estados Unidos. A trajetória do dólar pode ser de queda – o que também ajuda a conter os preços dos importados no Brasil.

Por falar em cotação do dólar, agora ao redor dos R$ 4,80, é preciso dar importância às excelentes condições do Balanço de Pagamentos do Brasil. A Conta de Comércio é fortemente positiva, graças às exportações de commodities. E as perspectivas de entrada de moeda estrangeira para investimentos neste ano se mantêm à altura dos US$ 65 bilhões a US$ 80 bilhões. Além disso, o País conta com reservas externas de US$ 343,6 bilhões.

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O desempenho da agropecuária continua forte. Ainda que o excelente resultado do primeiro trimestre não se repita nos seguintes, já podemos contar com um avanço do PIB de algo acima dos 2%. Os analistas consultados pelo Banco Central cravam 2,19% de aumento da renda, bem acima do 0,8% apontado no início do ano.

Há mais três fatores que ajudam a alavancar o otimismo com a economia. O mais importante deles foi a aprovação do primeiro estágio da reforma tributária pela Câmara dos Deputados. Apesar de jabutis e excessivas concessões enxertados no texto-base, que podem ser corrigidos pelo Senado, trata-se de avanço esperado há mais de 30 anos.

Na área fiscal, mais progressos. O primeiro é o bom encaminhamento dado ao arcabouço fiscal, que substituirá o teto dos gastos. O outro é a solução política obtida sobre o voto de qualidade em casos de empate nos julgamentos examinados pelo Conselho Administrativo de Recursos Fiscais (Carf).

Será esse conjunto de fatores suficiente para alavancar a retomada sustentável da atividade econômica? Em princípio, sim. Mas os riscos estão aí. O primeiro deles é o de que o PT volte a emplacar lambanças, como o excesso de intervencionismo na política econômica, a reversão da modernização das relações de trabalho e a imposição de nova carga protecionista à produção industrial.

Opinião por Celso Ming

Comentarista de Economia

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