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Jornalista e comentarista de economia

Opinião | Disparada do dólar, mais cedo do que tarde, cobrará seu preço eleitoral

O governo Lula não consegue enxergar que a falta de compromisso fiscal, o dólar acima dos R$ 6 e o juro futuro rolando a IPCA mais 7% são peças da fórmula que aponta para a estagnação da economia

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Atualização:

O dólar continua a dar seus pinotes no câmbio interno. Não há o que chegue de milho que o Banco Central vem distribuindo para os bodes do mercado, em leilões físicos de moeda estrangeira, com o objetivo de virar o jogo contra.

Nesta quarta-feira, o dólar quebrou mais um recorde histórico, fechou a R$ 6,26 – 4,4% acima da cotação do início do mês de dezembro e 29,1% ao longo deste ano.

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Quando despeja moeda estrangeira na economia, o Banco Central contribui para baratear o dólar em reais, em relação à cotação que prevaleceria se não houvesse intervenção, porque aumenta a oferta. Desde 12 de dezembro, a autoridade monetária já injetou quase US$ 13 bilhões no mercado.

O ministro da Fazenda, Fernando Haddad, acompanhado de outros figurantes do governo, fecha seu diagnóstico quando conclui que há um exagero nas reações do mercado ao pacote que deveria controlar os gastos do governo. E há quem descambe para a teoria conspiratória quando atribui tudo a maquinações da Faria Lima – região onde se concentram as sedes dos principais bancos.

O mercado sempre está exposto a exageros. Entre as rodas que o movem está a do medo, que tem lógica própria.

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Mas a Faria Lima faz parte da atividade econômica e tem de ser levada em conta. Espalhou-se pelo País a percepção de que o governo deixou solta demais a ponta das despesas e que a dívida pública ameaça ultrapassar os 100% do PIB. E é nesse ambiente de crise de confiança no minipacote fiscal e na possibilidade de o Congresso Nacional desidratá-lo que o governo precisaria atuar, mas atua pouco.

Ao contrário do que vem dizendo o presidente Lula, o Banco Central não está fazendo jogo contra a política do governo. Não dá mais para apontar o indicador como culpado de tudo para o atual presidente do Banco Central, Roberto Campos Neto.

O Banco Central não trabalha com a foto do momento. Trabalha com o filme. Já avisou que a inflação não pode ser vista de maneira estanque, como “só um tantinho acima dos 4%”. Avisou que está disparando muito acima da meta, que a política fiscal aumenta o rombo e alarga a falta de confiança dos investidores. Avisou, também, que a disparada do câmbio produz ainda mais inflação que, por sua vez, corrói o salário dos mais pobres.

O governo Lula não consegue enxergar que o dólar acima dos R$ 6 e o juro futuro rolando a IPCA mais 7% é a fórmula que aponta para a estagnação e para uma trombada no barranco que, mais cedo do que tarde, cobrará seu preço eleitoral...

O poder vai migrando mais para a direita e a motosserra do Milei começa a ser notada.

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Opinião por Celso Ming

Comentarista de Economia

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