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Jornalista e comentarista de economia

Análise | Energia para a Inteligência Artificial

O desafio atual é dar conta da demanda exponencial por data centers, mas sem comprometer as políticas de descarbonização

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Foto do author Celso Ming
Foto do author Pablo Santana
Atualização:

A corrida para o desenvolvimento da inteligência artificial (IA) vai exigir grande demanda por energia elétrica para operação e resfriamento de enormes data centers. O presidente Donald Trump avisou que os Estados Unidos terão de dobrar sua atual capacidade de produção de energia elétrica.

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As infraestruturas utilizadas para o treinamento e funcionamento dessas tecnologias dependem de instalações físicas que abrigam máquinas, computadores e equipamentos responsáveis pelo processamento, armazenamento e distribuição de dados. Precisam estar disponíveis 24 horas por dia, 7 dias por semana. É um processo irreversível em economias cada vez mais digitais que precisam de forte aumento de produtividade.

Dados da Agência Internacional de Energia (IEA, em inglês) dão conta de que os data centers foram responsáveis por cerca de 1,5% do consumo global de eletricidade em 2022. As estimativas são de que o consumo de energia elétrica dessas estruturas até 2026 pode dobrar, aproximando-se de setores intensivos em eletricidade, como o da produção de alumínio, e superando a energia consumida por veículos elétricos.

Esse crescimento não impõe apenas desafios ambientais e energéticos. Envolve questões de regulamentação para as quais grande parte do mundo não se preparou, de modo que essa demanda colossal não comprometa as políticas de descarbonização já em curso, nem prejudique o planejamento energético dos países ou aumente a produção de energia elétrica oriunda de matrizes fósseis em tempos de transição energética e emergência climática, que impõem a necessidade do cumprimento das metas de descarbonização.

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A matéria ganhou mais urgência nas últimas semanas em consequência de novos movimentos dos Estados Unidos e da China, as duas grandes peças do xadrez global.

O primeiro foi o anúncio de Trump sobre um megaprojeto para a criação de infraestrutura para inteligência artificial, o Stargate, de nada menos que US$ 500 bilhões. Além disso, Trump revogou uma ordem executiva de 2023 assinada pelo governo Biden que visava reduzir os riscos apresentados pela IA aos consumidores, trabalhadores e segurança nacional, dando total liberdade as grandes empresas de tecnologia.

O segundo movimento foi a apresentação para o mundo do modelo de IA produzido pela startup chinesa DeepSeek. Trata-se de tecnologia menos dependente dos gigantescos data centers em que o modelo americano está investindo e exportando para o mundo. O anúncio foi o suficiente para causar perda trilionária no valor de mercado dos principais players do Vale do Silício e obrigou outra grande parte do mundo a recalcular a rota em um mercado que, embora esteja valendo trilhões de dólares, ainda se encontra em estágios embrionários.

Independentemente do caminho a ser seguido, o Brasil pode atrair esse segmento, por ter uma matriz elétrica mais limpa e contar com grande oferta de energia renovável. Não só isso, o País também pode oferecer soluções que tornem os data centers mais sustentáveis, por meio do uso de hidrogênio verde e de células de combustível nas suas operações.

Os pedidos para instalação de data centers no Brasil indicam uma demanda de energia elétrica que pode chegar a 9 gigawatts até 2035, segundo o Ministério de Minas e Energia. Para isso, o País precisa desenvolver infraestrutura local para acesso à rede elétrica e criar um marco regulatório que atraia esses negócios.

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Análise por Celso Ming

Comentarista de Economia

Pablo Santana

Repórter da editoria de Economia, atua na Coluna do Celso Ming desde 2021. Formado pela Universidade Federal da Bahia, com extensão em Jornalismo Econômico realizada durante o 9º Curso Estado de Jornalismo Econômico.

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