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Jornalista e comentarista de economia

Opinião | Gargalos nos planos de saúde

Sem um esforço da agência reguladora para definir regras mais claras e encerrar problemas estruturais do setor, as reclamações contra os planos de saúde não vão parar de crescer

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Os megarreajustes de planos de saúde vêm causando grande impacto no orçamento doméstico dos beneficiários e têm sido fator limitador para a entrada de novas vidas no setor.

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É verdade que os planos de saúde enfrentam forte alta dos seus custos. Como esta Coluna apontou em outra ocasião, a sinistralidade aumentou, equipamentos ficaram mais caros e a ampliação da cobertura a procedimentos médicos determinada pela ANS têm pressionado as margens das operadoras.

Na tentativa de equilibrar as contas, elas vêm descarregando os custos sobre as mensalidades e descredenciando sumariamente hospitais, clínicas de análises e serviços de saúde.

Pesquisa divulgada pelo Instituto Brasileiro de Defesa do Consumidor (Idec) mostrou que, nos últimos cinco anos, as mensalidades dos planos individuais subiram 35,41%, enquanto as dos coletivos empresariais com 30 vidas ou mais aumentaram 58,94%; e as dos planos coletivos empresariais, com até 29 vidas, 82,36%. Em 2022, a inflação dos planos de saúde, medida pelo índice de Variação do Custo Médico Hospitalar do Instituto de Estudos de Saúde Suplementar (IESS), fechou em 15% – mais do que o dobro da inflação oficial do País (IPCA), de 5,8%.

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Como mostram estudos da consultoria EY, embora o número de vidas atendidas pelos convênios médicos tenha aumentado e batido o recorde, com mais de 50,7 milhões no segundo trimestre deste ano, as mensalidades elevadas se tornaram grande barreira na contratação de planos para 81% dos brasileiros.

Nos nove primeiros meses de 2023, as reclamações contra os planos de saúde chegaram a 244 mil, aumento de 52% em comparação com o mesmo período do ano passado. Cobranças abusivas e falhas na prestação do serviço estão entre as principais queixas registradas.

Reclamar na Justiça contra cobranças escorchantes continua a ser opção válida. Mas parte dos beneficiários tem preferido migrar para planos com uma rede de hospitais e clínicas de análises conveniadas mais simples, como explica o superintendente executivo do IESS, José Cechin. Uma das consequências desse movimento é a redução do ticket médio entre 2021 e 2022, de 5,0%, segundo a EY.

“Os números mostram essa tendência de migração dos beneficiários para planos com redes mais simples para continuar garantindo a assistência médica, já que independentemente da rede, a cobertura de acesso aos procedimentos médicos é igual para todos os padrões de plano.”

Nada menos que 7,2 milhões de idosos (mais de 60 anos) são beneficiários dos planos de saúde. Sem um esforço regulatório para diminuir as distorções setoriais e definir regras mais claras para garantir sustentabilidade do setor e mais segurança jurídica, muito provavelmente, por incapacidade orçamentária para enfrentar as mensalidades, haverá uma debandada de usuários da saúde suplementar para o Sistema Único de Saúde (SUS).

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Opinião por Celso Ming

Comentarista de Economia

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