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Jornalista e comentarista de economia

Opinião | Golpes avançam no Brasil com o uso massivo do Pix; conheça alguns tipos de fraudes

Criminosos utilizam como gatilhos assuntos de destaque, como a restituição do Imposto de Renda, par aplicar os golpes

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Atualização:

O Anuário da Segurança Pública divulgado nesta quinta-feira, 18, confirma a tendência de elevação (8,2% em um ano) dos crimes de estelionato no Brasil, que chegaram a quase 2 milhões em 2023, especialmente na modalidade virtual.

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Um dos fatores que explicam esse aumento, como esta Coluna destacou dia 12, é a enorme disseminação do uso do Pix – que vem sendo utilizado como vetor para golpes e fraudes, num momento em que as transações bancárias realizadas por celular saltaram 251% de 2019 até 2023, como relata a Federação Brasileira de Bancos (Febraban).

De acordo com o Relatório de Identidade Digital e Fraude 2024, elaborado pela Serasa Experian, 4 em cada 10 pessoas já foram vítimas de algum tipo de fraude no Brasil. Dessas, cerca de 32% sofreram fraude financeira, com o Pix ou com pagamento de boletos falsos; 39%, com o uso de cartões de crédito por terceiros ou falsificação; e 21%, com phishing, técnica que induz a vítima a clicar ou baixar programas que levam ao roubo de dados pessoais por meio de e-mails ou mensagens falsas.

Como reforça a Kaspersky, multinacional da área de cibersegurança, os criminosos utilizam como gatilhos assuntos de destaque para disseminar as fraudes, como a restituição do Imposto de Renda (IR), pagamentos de IPVA, boletos e até jogos de aposta. As férias escolares de meio de ano também são usadas para aplicar golpes envolvendo pacotes de viagem e estreia de filmes.

Toda proteção contra esses golpes, digitais ou não, sempre deve começar com o acionamento do desconfiômetro. É abrir os olhos e nunca repassar dados sensíveis, como senhas e informações bancárias, evitar clicar em links suspeitos e reforçar a segurança do smartphone.

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Quem caiu no golpe precisa denunciar o crime. Se foi aplicado via Pix, deve pedir o ressarcimento da quantia surrupiada o mais rapidamente possível – mesmo levando em conta a baixa eficácia do sistema de devolução, o MED. Confira os casos mais frequentes de fraudes desse tipo.

Golpe do Pix

Fraudadores transferem recursos para a conta da vítima. Em seguida entram em contato para convencê-la de que fizeram o Pix por engano e pedem para a vítima transferir o valor para uma conta que não é a de origem do recurso. Ao mesmo tempo, o fraudador entra em contato com o sistema de devolução do Banco Central e pede o ressarcimento.

O golpe é consumado porque o fraudador recebe tanto da vítima quanto do sistema. Em paralelo, os criminosos transferem os recursos para contas laranjas, o que dificulta a devolução para a vítima.

Banco deve acatar imediatamente a solicitação caso o pedido seja para redução do limite diário de Pix; em caso de aumento, é necessário aguardar a avaliação do banco Foto: Marcello Casal Jr/Agência Brasil

Golpe do 0800

Criminosos simulam operar de uma central telefônica e entram em contato com as vítimas para informar sobre possível transação de valor elevado. Para cancelar a falsa operação, o golpista induz a vítima a fazer uma transação ou a fornecer dados pessoais, como número de conta, senha e cartões.

Restituição do IR

Por meio de mensagem SMS, fraudadores avisam que o contribuinte tem restituição a receber. O texto induz a vítima a clicar em um link para fazer o resgate. No entanto, a página é a armadilha pela qual o usuário fornece seus dados aos golpistas.

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Nessa matéria, a criatividade é incomensurável. Todos os dias são identificados novos golpes e malwares. Daí por que a prevenção do consumidor não pode tudo. É preciso que as autoridades e os agentes financeiros se empenhem mais em coibi-los.

Opinião por Celso Ming

Comentarista de Economia

Pablo Santana

Repórter da editoria de Economia, atua na Coluna do Celso Ming desde 2021. Formado pela Universidade Federal da Bahia, com extensão em Jornalismo Econômico realizada durante o 9º Curso Estado de Jornalismo Econômico.

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