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Jornalista e comentarista de economia

Opinião | O Pix e as fraudes

Apenas 9% dos valores solicitados por fraudes via Pix foram efetivamente devolvidos para as vítimas de golpes em 2023

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Atualização:

O Pix é um quase grande sucesso. Só não é sucesso total porque é fortemente vulnerável a golpes, fragilidade que o Banco Central (BC) ainda não resolveu.

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Em 2023 houve 2,56 milhões de pedidos de devolução por suspeitas fraudulentas via Pix através do Mecanismo Especial de Devolução (MED). O atendimento desses pedidos só chegou a 32%. Neste ano, dos mais de 2 milhões de pedidos feitos até junho, cerca de 1,36 milhão (quase 70%) foi rejeitado, segundo dados do Banco Central.

Os valores financeiros devolvidos por suspeita de fraude no primeiro semestre deste ano não chegam a 10% do valor total solicitado. Dos R$ 2,89 bilhões requisitados, apenas R$ 243,3 milhões foram efetivamente devolvidos.

Apesar disso, o BC vem avançando na agenda evolutiva desse campo. Anunciou para fevereiro de 2025 o início do pagamento via Pix por aproximação, por meio das carteiras digitais (wallets), sem que seja necessário que o usuário acesse o aplicativo da instituição financeira para finalizar a transação. Também vem trabalhando no desenvolvimento do “Pix Garantido, que possibilitará o parcelamento no sistema de pagamentos.

Em pouco menos de quatro anos de operação, o Pix é, em todo o mundo, uma das maiores inovações do sistema de pagamentos. Suas características o tornaram um dos meios mais utilizados no País. Aposentou o Documento de Ordem de Crédito (DOC), desbancou os pagamentos em dinheiro vivo e está dispensando o uso dos cartões de débito. No último dia 5 de julho, foram registrados em um único dia 224,2 milhões de transações via Pix, que totalizaram R$ 119,4 bilhões.

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No entanto, as grandes falhas de segurança vêm lesando em muito os consumidores. O número de fraudes, vazamentos de dados e de golpes avançam, sem que o BC atue para estancar ou reduzir essas falhas.

Na última quarta-feira, o BC anunciou o vazamento de quase 40 mil dados cadastrais de chaves Pix. É o sexto incidente dessa natureza só neste ano. Por aí se vê que criminosos e aproveitadores vêm aperfeiçoando suas técnicas.

O MED, apesar de ter sido criado para rever as devoluções em caso de fraudes via Pix, é falho. Rastreia o dinheiro surrupiado pelos golpes apenas até a primeira conta para a qual os recursos foram transferidos. E, no entanto, esse dinheiro é enviado rapidamente para outras contas laranjas em diferentes instituições financeiras. As vítimas arcam com o preju e os bancos e o BC não passam das desculpas e do lero-lero. No último ano, dos R$ 4.359.377.086 solicitados por meio do MED, apenas 9% (R$ 396.067.034) retornaram.

Como relata Walter Faria, diretor-adjunto de Serviços da Febraban, foi encaminhada proposta de alteração do MED de maneira a bloquear em cadeia as contas envolvidas nas fraudes e melhorar a devolução desses recursos. “A ideia é a de que o rastreio vá ao máximo de camadas para evitar o sucesso do golpe. Para isso será necessária agilidade de comunicação entre os agentes do sistema financeiro e aperfeiçoamento sistêmico, porque, em média, em sete minutos os golpistas transferem os recursos”, explica Faria.

Ainda em fase de discussão, essa solução, se vingar, estará disponível entre dois e três anos. Enquanto o BC não avança nesse passo, o consumidor vai levando a pior.

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Opinião por Celso Ming

Comentarista de Economia

Pablo Santana

Repórter da editoria de Economia, atua na Coluna do Celso Ming desde 2021. Formado pela Universidade Federal da Bahia, com extensão em Jornalismo Econômico realizada durante o 9º Curso Estado de Jornalismo Econômico.

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