PUBLICIDADE

EXCLUSIVO PARA ASSINANTES
Foto do(a) coluna

Jornalista e comentarista de economia

Opinião|Petróleo ‘de canudinho’, para os outros

Falta de coragem do governo Lula para resolver o imbróglio sobre a exploração de petróleo na Margem Equatorial pode custar caro para o País

PUBLICIDADE

Foto do author Celso Ming

Se há quem esteja sugando petróleo brasileiro “de canudinho”, como afirma o ministro de Minas e Energia, Alexandre Silveira, então o governo brasileiro está sendo leniente com esse suposto roubo e, além disso, perde tempo precioso.

PUBLICIDADE

O ministro referiu-se ao petróleo da Margem Equatorial, também chamado impropriamente de petróleo da Foz do Amazonas, que está sendo explorado pela Guiana no seu lado da fronteira marítima com o Brasil. Como aparentemente esse petróleo faz parte da mesma grande jazida comum, segue-se que não está sendo devidamente partilhado entre os dois países, porque o Ibama não autorizou a Petrobras a perfurar essa área, nem para só dimensionar seu potencial.

A recém-empossada presidente da Petrobras, Magda Chambriard, afirmou que o Brasil já perdeu uma década de exploração da Margem Equatorial e não apenas nessa área. O presidente Lula tem afirmado que essa perfuração se fará com total segurança ambiental. Mas, para evitar críticas dos ambientalistas, só acontecerá depois de realizada a COP-30, conferência sobre o clima, agendada para novembro de 2025, em Belém do Pará.

Não se trata ainda de começar a produção. Trata-se por ora apenas de saber o que e quanto há lá embaixo. O motivo para mais esse atraso é estranho. Se acontecerá em condições absolutas de segurança para o meio ambiente, como garante o presidente Lula, não há razão especial para temer pelas críticas, e esse adiamento poderá ser interpretado como manobra para inglês ver.

Publicidade

Esperar mais de um ano para começar a perfuração de um poço pode fazer muita diferença. Entre o encontro de uma jazida e sua exploração são necessários entre 7 e 9 anos para medir seu potencial e construir a infraestrutura necessária para seu desenvolvimento. E, no entanto, o prazo de validade da era do petróleo está se esgotando.

Relatório da renomada Agência Internacional de Energia (AIE) conclui que a demanda de petróleo começará a declinar em 2030, em consequência da transição energética dos combustíveis fósseis para limpos pela frota mundial de veículos e pela produção de energia elétrica por fontes renováveis. Será quando a capacidade ociosa (sobra de capacidade) da produção já terá alcançado 8,4 milhões de barris por dia e os preços mergulharão.

Ou seja, quanto mais tempo o Brasil perder na produção de petróleo, mais riquezas tenderão a ficar enterradas para sempre no subsolo e menos recursos o País terá para investir em energia limpa. Se isso não fará falta para o desenvolvimento econômico, então não se sabe o que mais fará.

Opinião por Celso Ming

Comentarista de Economia

Comentários

Os comentários são exclusivos para assinantes do Estadão.