O empreendedorismo no Brasil segue em fortalecimento. Nada menos que 47 milhões de brasileiros estão envolvidos (direta ou indiretamente) nesse tipo de atividade, apontam os dados do Monitor Global de Empreendedorismo, levantamento feito pelo Sebrae em parceria com a Associação Nacional de Estudos e Pesquisas em Empreendedorismo.
Dirigentes da Associação Paulista de Supermercados vêm reclamando que não conseguem preencher entre 30 mil e 35 mil vagas de trabalho no setor. É cada vez mais comum a recusa por trabalhos por não querer se sujeitar a horários rígidos, a bater ponto na entrada para, afinal, não conseguir subir na vida. Para o trabalhador brasileiro, é mais importante o aumento pessoal da renda e conseguir comprar seu carrinho do que desfrutar de uma estabilidade sempre sujeita à demissão: bateu nos 50, não consegue emprego.
O estudo acima apontado revela que em 2024, cerca de 14,4% (1,8 milhão) de empreendedores em estágio nascente (em operação nos últimos 12 meses e remunerando sócios ou empregados), tinham então mais de 55 anos. O empreendedor quer, como muitos vêm afirmando, se livrar da pobreza, mesmo que isso custe sua aposentadoria futura.
O mais importante fator que favorece a expansão do empreendedorismo é a crescente digitalização das atividades. Todos os dias surgem novos aplicativos que ajudam a abrir e administrar negócios, num ambiente em que faltam opções no mercado formal de trabalho nas condições procuradas pelos interessados. A pilotagem desses aplicativos indica, também, que o empreendedor aprendeu a lidar com eles.
A principal consequência dessa transformação é a mudança de mentalidade. O trabalhador não se limita a executar ordens do seu chefe. Passa a pensar como administrador.
Leia também
Volta-se à procura de oportunidades, ao melhor conhecimento do mercado e à busca de resultados. É essa visão de vida que empurra o empreendedor para o planejamento e para a busca de maior capacitação.
O ministro do Trabalho, Luiz Marinho, parece não gostar do empreendedorismo. Entende que se trata de uma falsa liberdade de ocupação, que mantém a situação de exploração da mão de obra e não garante os direitos mínimos do empregado com carteira assinada. Além disso, como quer ser patrão de si mesmo, o empreendedor se afasta da sindicalização, o que deixa o ministro mais nervoso, porque enfraquece o movimento sindical.
Se o PT e o governo Lula pretendem se inovar e garantir a recuperação dos índices de popularidade, não podem mais rejeitar o empreendedorismo como ocupação precária e tentar enfiar as novas relações de trabalho na CLT, velha de guerra.