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Jornalista e comentarista de economia

Opinião | O risco das reservas da Petrobras

Transição energética, riscos geopolíticos e ambientais são desafios na estratégia da empresa de acelerar as atividades de exploração de petróleo para repor as reservas

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Entre os desafios que a recém-empossada presidente da Petrobras, Magda Chambriard, terá de enfrentar está o de aumentar as reservas de petróleo, em um cenário de transição energética, poucas descobertas e dificuldade em se avançar em áreas marcadas por restrições ambientais e declínio inexorável da produção do pré-sal.

As reservas da Petrobras são hoje de 10,9 bilhões de barris de óleo, o equivalente a 12 anos da produção atual. A urgência de ampliá-las é consequência de três imperativos: prazo de sete a oito anos entre o encontro de uma jazida e o início da produção; perspectiva do fim da era do petróleo; e necessidade de recursos para investimentos em energia renovável.

Em abril, a companhia anunciou a segunda descoberta de óleo na Bacia Potiguar, que integra a área da Margem Equatorial. Falta saber o volume recuperável e a viabilidade técnica da exploração. A região é considerada ambientalmente sensível, especialmente na Foz do Amazonas, e exige estudos de impacto ambiental, fator que vem atrasando a aprovação do projeto.

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A Petrobras adquiriu recentemente blocos na Bacia de Pelotas, que se tornou promissora depois do encontro de áreas fortemente produtoras nas costas da Namíbia, na África, que guarda reciprocidade geológica com as da Bacia de Pelotas. Também adquiriu participações em três blocos exploratórios em São Tomé e Príncipe e negocia blocos na Namíbia, conforme anunciou o diretor de Exploração e Produção da Petrobras, Joelson Mendes,em entrevista ao Estadão.

A estratégia de buscar petróleo em outros países enfrenta riscos geopolíticos e não está claro como a empresa pretende lidar com eles atualmente. Em 1976, a Petrobras descobriu no Iraque o supercampo Majnoon – o maior da época, com 38 bilhões de barris recuperáveis, mas abandonou os investimentos quando o campo foi sabotado durante a guerra Irã-Iraque. Em 2006, o “muy amigo” presidente Evo Morales tomou duas refinarias da Petrobras na Bolívia, mas depois de acordos indenizou a companhia por um preço bem abaixo do mercado.

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Como aponta Marcus D’Elia, sócio da Leggio Consultoria, com as disponibilidades que a Petrobras tem hoje nas bacias do Sudeste, e se continuarem os investimentos em exploração nessas áreas, as necessidades nacionais de petróleo conseguem ser supridas.

A Petrobras vem informando que é preciso encontrar novas reservas para evitar que o Brasil volte a importar petróleo, mas D’Elia pontua que essa estratégia visa a manter as exportações da empresa a fim de atender à demanda global durante a transição – e não para a garantia da segurança e soberania energética nacional.

As reservas da Petrobras são hoje de 10,9 bilhões de barris de óleo, o equivalente a 12 anos da produção atual. Foto: MARCOS DE PAULA/AGENCIA ESTADO/AE

O cenário projetado para os próximos anos, como aponta o analista Raphael Faucz, da Rystad Energy, indica que o Brasil vai ganhar ainda mais relevância internacional, com expectativas de ultrapassar os 5 milhões de barris produzidos por dia em 2030 e se figurar entre os cinco maiores produtores do mundo. Esse avanço é acompanhado por uma vantagem competitiva muito forte nesse cenário de descarbonização, que é o baixo nível de emissão por barril produzido na área do pré-sal, em comparação com a média global.

O atual plano estratégico da Petrobras prevê um avanço na produção de 2,8 milhões de barris por dia neste ano para 3,2 milhões em 2028. Em março, dos 3,35 milhões produzidos por dia no País, a empresa foi responsável por 89% da produção, seja em consórcio ou não.

Opinião por Celso Ming

Comentarista de Economia

Pablo Santana

Repórter da editoria de Economia, atua na Coluna do Celso Ming desde 2021. Formado pela Universidade Federal da Bahia, com extensão em Jornalismo Econômico realizada durante o 9º Curso Estado de Jornalismo Econômico.

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