Ficaram para trás os tempos em que as promoções da Black Friday eram do tipo “metade do dobro dos preços”. Hoje, qualquer consumidor pode conferir pelos aplicativos onde obter a melhor oferta.
Assim, novembro passou a ser marcado pela antecipação das compras de fim de ano e se consolidou no calendário do varejo brasileiro. Uma das suas principais alavancas passou a ser o comércio eletrônico, o e-commerce, modalidade que vai revolucionando o varejo.
A Associação Brasileira de Comércio Eletrônico estima que as vendas do setor no período devem crescer 10% em relação a 2023 e faturar R$ 7,9 bilhões na principal data do evento neste ano, dia 29.
O comércio eletrônico no Brasil ganhou tração ao longo da pandemia, quando a determinação de não sair de casa forçou consumidores e comerciantes a se transferirem para o ambiente online. Hoje, corresponde a 9% das vendas totais do varejo nacional, segundo relatório da FTI Consulting, porcentual ainda inferior ao registrado em outros países emergentes, como Chile (11%) e México (14%).
Mas alguns obstáculos continuam aí. Samuel Aguirre, diretor sênior da FTI Consulting, observa que, mesmo se beneficiando com um perfil de consumidor mais jovem e mais ativo na internet, o alto nível de endividamento das famílias brasileiras é um dos fatores que vêm limitando o crescimento.
No entanto, o executivo avalia que o segmento conta com ótimas condições de desenvolvimento, à medida que se fortalece o uso dos pagamentos digitais e novos players desembarcam no setor. “Se teve um crescimento muito rápido no Brasil, impulsionado também pelo pandemia, mas depois desacelerou em comparação com outros países - como esperado, porque há uma estrutura social diferente, assim como condições de logística e números de smartphones. Esses fatores impactam diretamente o e-commerce, mas o mercado tem mostrado maturidade e existe uma competição feroz no setor que também ajuda”, reforça Aguirre.
Outro freio não desprezível ao avanço do setor são as frequentes fraudes e tentativas de golpes financeiros no ambiente digital. O setor bancário vem falhando em rastrear a ação desses criminosos de modo a garantir a mesma segurança que se pode obter na compra em loja física.
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E, ainda, há a complicada logística vigente no Brasil, onde grande parte do transporte de cargas é concentrado no modal rodoviário. É condição que eleva os custos operacionais, exige mais criatividade dos players e impacta diretamente nos prazos de entrega. “As empresas têm investido em tratamento de dados para se aproximar do consumidor e criar estoques avançados, versão reduzida dos centros de distribuição, mas com produtos estratégicos para aquela região”, explica Ana Paula Tozzi, CEO da AGR Consultores.
O Brasil tem avançado na melhora do ambiente de negócios. A reforma tributária deve ajudar a reduzir o malabarismo fiscal que as vendas interestaduais impõem a essas empresas, mas, sem investimentos em infraestrutura e em segurança, o setor ainda encontrará dificuldades para se desenvolver.
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