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Jornalista e comentarista de economia

Opinião|A poluição plástica e os desafios da reciclagem

No Brasil, especialista reforça que é preciso ampliar a regulação e os acordos setoriais para avançar o nível de reciclagem do plástico

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Os resíduos plásticos são um problemão no mundo inteiro, porque terra, mar e ar estão sendo contaminados por milhões de toneladas diárias desses materiais usados e descartados.

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Ainda não há solução ambientalmente adequada e capaz de adquirir a escala necessária para lidar com esses materiais que se acumulam nos lixões a céu aberto, em aterros sanitários ou são lançados em córregos e no mar.

São produtos cada vez mais imprescindíveis na vida moderna, mas têm uma característica de trato complicado que materiais orgânicos não têm: sua decomposição na natureza demora entre 400 e 500 anos. Plásticos biodegradáveis ficam muito caros.

E os índices de reciclagem são muito baixos no mundo. Como há grande diferença de composição entre os plásticos, seu processamento é complexo e o retorno financeiro de seu reaproveitamento, muito baixo quando comparado com o de outros materiais.

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Na tentativa de reduzir a poluição plástica, o presidente dos Estados Unidos, Joe Biden, anunciou no início deste mês um plano para reduzir o uso de plásticos em edifícios públicos. A ideia é eliminar gradualmente até 2035 o consumo desses produtos de uso único, como canudos, garfos e pratos em operações de serviços de alimentação, eventos e outras embalagens em todas as operações federais.

A preocupação de Biden pode não ser “absurda”, como a oposição americana pestanejou após o anúncio, mas está longe de ser a resposta mais satisfatória para a solução desse trampo, que ganha proporções em meio aos demais problemas socioambientais que a mudança climática vem impondo aos governos.

Em relatório, a OCDE prevê que a produção global de plásticos deve triplicar na comparação com 2019, de 460 milhões para 1,23 bilhão de toneladas, em 2060. Foto: Marcos Müller

Em relatório, a Organização para a Cooperação e o Desenvolvimento Econômico (OCDE) prevê que a produção global de plásticos deve triplicar na comparação com 2019, de 460 milhões de toneladas para 1,23 bilhão, em 2060. Cerca de metade dessa imensidão acabará por ser lançada em aterros sanitários. Menos de um quinto será reciclado.

E ainda há os microplásticos, que intensificam a poluição e já foram encontrados nos corpos de animais e em órgãos humanos.

Um estudo recente do projeto Blue Keepers, do Pacto Global da ONU no Brasil, catalogou o lixo encontrado em ambientes aquáticos de cidades brasileiras, entre 2022 e o fim de 2023, e revelou que os itens plásticos estão entre os materiais mais encontrados em praias, rios e manguezais. A maior parte da amostra coletada (15%) era de fragmentos de plásticos, seguido de bitucas de cigarro, fragmentos de isopor e tampas plásticas de bebida.

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Isso exige uma reviravolta no uso dos plásticos, não só para melhorar o ciclo de reciclagem, mas, também, para conter a demanda nociva, como aponta Tereza Cristina Carvalho, coordenadora do Laboratório de Sustentabilidade da Escola Politécnica da USP.

Para a pesquisadora, entre as políticas mais urgentes no Brasil estão a de aumentar a transparência no acordo setorial para logística reversa de embalagens por meio do sistema de créditos e uma regulação mais eficiente que force a necessidade de melhor identificação do tipo de plástico utilizado nos produtos para conseguir melhorar os índices de reciclagem.

Fora isso, o setor produtivo também deve atuar de maneira mais eficaz, pensando em soluções que façam com que o plástico do pós-consumo possa voltar de forma mais integrada à economia circular./COM PABLO SANTANA

Opinião por Celso Ming

Comentarista de Economia

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