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Jornalista e comentarista de economia

Opinião | Prioridades e a agenda da economia

Em segundo plano depois dos ataques golpistas do último domingo, é a responsabilidade na condução da política econômica que dará condições de governabilidade para o presidente Lula

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A prioridade do governo Lula passou a ser controlar os focos de rebelião e fortalecer seu poder político.

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A selvageria dos golpistas na invasão do Congresso, da sede do Supremo e do Palácio do Planalto começou domingo às 14 horas. O presidente Lula se manifestou apenas três horas depois, às 17 horas, aparentemente porque teve de saber, primeiramente, com quantos tanques poderia contar.

Depois houve os atos de sabotagem em linhas de transmissão na terça-feira e a nova tentativa de articulação de retomada de poder por grupos bolsonaristas. São fatos que bastam para justificar a preocupação do presidente Lula, apesar da grande unidade em torno dele demonstrada à primeira hora pelos líderes das instituições e pelos governadores; e apesar da grande manifestação de apoio de chefes de Estado e de governo ao redor do mundo.

Uma das questões novas com que se depara a administração Lula é o que fazer com os milhares de cargos da máquina de governo ocupados por militares, que podem estar ali para algo mais do apenas curtir uma boquinha extra.

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A primeira impressão de certos analistas foi de que a assumida a nova prioridade do governo Lula, de garantir condições políticas para governar, poderia retardar e até prejudicar o processo de tomada de decisões destinado a reequilibrar as contas públicas e a botar para rodar a economia. Pode-se imaginar o volume de projetos de investimentos que estão à espera das novas coordenadas, das novas regras do jogo e, mais ainda, à espera de decisões firmes destinadas ao controle do déficit público.

Esse risco de fato existe porque dentro do governo Lula existe a ala para a qual o político e o social devem preceder o econômico, não importando até mesmo que cheguem a atropelar o econômico.

Prioridade atual do governo Lula é fortalecer seu poder político, mas na economia há decisões importantes a serem tomadas.  Foto: Eraldo Peres/AP

O que precisa ser entendido de uma vez é que, sem a solidez dos fundamentos da economia, a área política e a área social também podem bambear.

Está em curso uma recessão global que carrega forte potencial de prejudicar o desempenho do PIB e do nível de emprego por aqui; a inflação anual do Brasil chegou muito próximo dos 6%, pelo segundo ano consecutivo ficou acima da meta estabelecida pelo governo, e pode aumentar quando forem removidos os subsídios dos preços dos combustíveis; os juros tendem a permanecer elevados para que a inflação possa ser reconduzida à meta; isso, por sua vez, deverá produzir o efeito colateral de aumentar a dívida pública – uma vez que as despesas com juros são reincorporadas ao total do passivo. Além disso, há uma transição energética urgente a conduzir e a destruição de florestas a estancar, o que exige determinação.

Enfim, se o governo não administrar com firmeza também a agenda da economia, pode perder a confiança dos agentes econômicos e essa perda de confiança poderá se tornar elemento de nova fragilidade política.

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Opinião por Celso Ming

Comentarista de Economia

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