BRASÍLIA – Após operações especiais de força-tarefa, recenseadores do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) conseguiram incluir mais 15,9 milhões de pessoas no censo demográfico de 2022.
O esforço concentrado foi feito nos meses de abril e maio porque havia enormes “bolsões” de não resposta à pesquisa, concentrados principalmente em comunidades carentes, favelas e condomínios de alta renda.
Num condomínio de luxo em Itaim, bairro de São Paulo, por exemplo, os recenseadores voltaram oito vezes antes da força-tarefa, sem resposta dos moradores à pesquisa. O problema se repetiu em outras cidades.
O problema era maior nas cidades de São Paulo, Rio de Janeiro e Cuibá (MT). Uma operação especial foi feita também para coletar informações de povos originários, que incluiu o recenseamento em 169 aldeias, na floresta amazônica, da população Yanomami.
Por que o Censo é importante para a economia
Os dados do Censo serão anunciados pelo IBGE no próximo dia 28, após 13 anos da última pesquisa, em 2010. A contagem e as informações completas do Censo são essenciais para a economia, definição das políticas públicas do governo federal, Estados e munícipios e planejamento de investimentos das empresas.
A inclusão de quase 16 milhões de pessoas foi antecipada ao Estadão pelo Ministério do Planejamento, que junto com o IBGE prepara o anúncio dos dados do Censo para o próximo dia 28, após 13 anos da última pesquisa, em 2010. Nessa data, o País vai saber o número da população brasileira, onde estão essas pessoas, dados de renda e informações como acesso a serviços básicos, como água e esgoto.
Assessor econômico da ministra do Planejamento, Simone Tebet, João Villaverde, destaca que essas pessoas que responderam o Censo, nos últimos dois meses, ficariam invisíveis, comprometendo o resultado. Prévia do IBGE divulgada em dezembro estimou que a população do Brasil chegou a 207.750.291 de habitantes. Villaverde alerta, no entanto, que não é possível somar essa estimativa às novas pessoas que foram recenseadas nos últimos dois meses.
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O prazo da coleta de informações terminou em 31 de dezembro, em meio às dificuldades também de liberação de recursos para pagar os recenseadores em alguns locais. “A ministra tomou a decisão mais difícil de manter o Censo e fazer as operações especiais”, disse. Segundo ele, o resultado surpreendeu.
O assessor da ministra Tebet ressalta que a pesquisa é decisiva para o Brasil se revelar como País e traçar seu planejamento, suas ambições, para o futuro, inclusive para o momento de aprovação da reforma tributária. O governo espera aprovar o texto na Câmara na primeira semana de julho.
A pesquisa deveria ter terminado em outubro, mas havia sido antes prorrogada até dezembro do ano passado.
Yanomami
O Censo na terra Yanomami envolveu os ministérios da Justiça e Segurança Pública (MJSP), da Defesa, dos Povos Indígenas (MPI) e da Saúde, além do Planejamento, responsável pela coordenação dos trabalhos.
Segundo Villaverde, foram contados 16.560 Yanomamis em aldeias dentro do território de Roraima e outros 10.294 em aldeias localizadas no Amazonas. Ao todo, 26.854 em 169 aldeias.
Já a operação “Favela no Mapa” foi feita pelo Ministério do Planejamento junto com Central Única das Favelas e ao Data Favela. O trabalho fez os recenseadores voltarem em boa parte das favelas do País. O Brasil tem hoje 11.403 favelas.
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O Censo, que é realizado a cada dez anos, deveria ter sido realizado em 2020; mas, por conta da pandemia da covid-19, começou apenas em agosto de 2022, após enfrentar problemas também de recursos para a realização da pesquisa durante o governo Bolsonaro.
Em 2021, o ministério da Economia chegou a suspender o Censo por falta de recursos do Orçamento da União, mas a reação da sociedade civil evitou que o início dos trabalhos ocorresse só em 2023.
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