CEO da Azul diz que setor não quer ‘socorro’ do governo ou subsídio, mas acesso a crédito

John Rodgerson participou de painel ao lado dos presidentes da Gol e da Latam; executivos desconversaram sobre possível interesse da Azul na Gol

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Foto do author Elisa Calmon
Atualização:

O CEO da Azul, John Rodgerson, afirmou nesta quarta-feira, 6, discordar da expressão “socorro financeiro” do governo brasileiro para as aéreas. Para ele, o que as companhias precisam e pleiteiam é acesso a crédito. “Não recebemos um centavo do governo brasileiro”, afirmou. Ele ressaltou que as aéreas do País competem com companhias internacionais subsidiadas por economias desenvolvidas.

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No entanto, disse que “ninguém está pedindo subsídio”, mas sim mais diálogo com o poder público para facilitar o acesso a financiamentos e reduzir custos.

De acordo com Rodgerson, o governo brasileiro tem se mostrado aberto ao diálogo, inclusive sobre assuntos “polêmicos”, como o preço do querosene da aviação. Para o executivo, essa disposição aumentou principalmente após o pedido de recuperação judicial da Gol nos Estados Unidos.

O ministro de Portos e Aeroportos, Silvio Costa Filho, disse esperar apresentar até sexta-feira, 8, a proposta final para o fundo garantidor de crédito para companhias aéreas. Os pontos a serem decididos incluem o valor final do fundo, como ele será instituído juridicamente e quais garantias serão fornecidas pelas companhias para garantir acesso aos financiamentos.

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John Rodgerson, presidente da Azul Linhas Aéreas, alega que companhias brasileiras têm que competir no mercado internacional com outras subsidiadas por economias desenvolvidas Foto: DANIEL TEIXEIRA / ESTADÃO

Rodgerson participou nesta quarta de um painel no Fórum PanRotas 2024 com Jerome Cadier, CEO da Latam no Brasil, e Celso Ferrer, CEO da Gol. Durante o evento, os executivos foram rápidos em desconversar sobre os rumores de uma possível oferta da Azul pela Gol, tema que veio à tona logo no início da conversa.

Custos

Cadier, CEO da Latam no Brasil, afirmou considerar que, mais do que acesso ao crédito, o poder público deveria focar na redução de custos. Nesse sentido, citou os elevados valores de combustível no Brasil e altos níveis de judicialização.

Ele criticou também a reforma tributária, que vai elevar os gastos das aéreas com impostos, ao mesmo tempo em que as companhias são criticadas pelo preço dos bilhetes. “Sem custo baixo, não existe preço baixo (de passagens)”, disse.

O executivo reconheceu que os atrasos nas entregas dificultam o acesso a peças e aeronaves em meio a problemas na cadeia produtiva. Ainda assim, disse ver disponibilidade no mercado.

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“Estamos analisando constantemente o mercado e vemos aeronaves disponíveis com companhias e lessores, principalmente fora do Brasil”, afirmou Cadier. Ele ponderou ser preciso negociar em busca de preços que “façam sentido”.

Para Rodgerson, esse é um problema generalizado para o setor, que tem impedido as companhias de ampliar a oferta para atender a demanda aquecida. “Todas as aéreas do mundo estão atrás de aviões e motores. É uma situação complexa”, disse.

Ferrer, da Gol, destacou que a companhia tem 14 aviões para receber em 2024, mas está mais confiante depois do cenário visto no ano passado. Em 2023, a Gol recebeu apenas seis das 15 aeronaves esperadas.

Ele se disse otimista com o andamento do processo de Chapter 11, equivalente à recuperação judicial, da companhia nos Estados Unidos. E destacou que, em um mês desde o início do processo, a companhia obteve a aprovação do empréstimo de US$ 1 bilhão na modalidade DIP (debtor in possession). Ferrer também citou o desenrolar das negociações com lessores que, segundo ele, têm avançado rapidamente.

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Diante desse cenário, o CEO disse que, ao que tudo indica, o Chapter 11 deve ocorrer de forma célere, enquanto a Justiça americana oferece segurança para a empresa e credores. “O processo nos EUA é maduro para que o capital entre na companhia enquanto negociamos com credores e lessores”, afirmou.

A Gol entrou com o pedido de recuperação judicial no Tribunal de Falências de Nova York em 25 de janeiro, com uma dívida bruta estimada em R$ 20 bilhões.

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