‘IA gera medo, mas também oportunidades’, diz CEO da TIM

Alberto Mario Griselli diz que inteligência artificial exige que empresas identifiquem e mitiguem riscos

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Foto: Bruno Ryfer/TIM
Entrevista comAlberto Mario GriselliCEO da Tim

Desde que surgiu, a inteligência artificial (IA) gerativa – aquela capaz de criar conteúdo novo e original, como texto, imagens, música ou vídeos, aprendendo de grandes volumes de dados existentes – causa uma mistura de encanto e medo. Como tudo o que é novo, há perspectivas sombrias – de que a tecnologia vai trazer desemprego. Mas dela esperamos também oportunidades. E quem souber tirar melhor proveito, ao “mitigar riscos” inerentes à nova tecnologia, vai sair na frente.

Essa é a aposta do CEO da TIM, Alberto Mario Griselli, que vê na ferramenta um instrumento que vai moldar não só a telefonia – mercado em que ele está há mais de 20 anos –, mas quase tudo que estiver ao nosso redor. O italiano não se arrepende da opção que fez – deixou carreira como músico para abraçar o mundo executivo. E lembra um maestro, ao afirmar que é preciso incluir todos os funcionários que participam da operação. Vamos treinar 100% dos nossos 10 mil funcionários em competência de inteligência artificial”, disse ele, ao Estadão. A seguir, trechos da entrevista:

O que vai ser da telefonia geral em dez anos?

Hoje, já estamos na mão de todos os nossos clientes, de todas as pessoas. Praticamente, todas as pessoas estão com um celular na mão e o utilizam o tempo todo. Daqui a 10 anos, essa situação vai provavelmente se enriquecer. O que se imagina é que haja um chip que vai estar em quase todos os objetos que a gente usa. E isso, de fato, vai fazer com que o nosso serviço passe de um serviço para as pessoas a um serviço para as pessoas e para as coisas. E essas coisas se comunicarão entre si de uma forma autônoma. Tudo será conectado, não só as pessoas, mas também o que está ao nosso redor.

Como vocês estão trabalhando com inteligência artificial?

Começamos a tratar esse tema há um ano e meio, e, de fato, as empresas de tecnologia como a nossa já utilizam há muitos anos sistemas de automação. Agora, há essa nova frente, chamada de inteligência artificial gerativa. Há vários desafios a serem adotados para que a empresa implemente essa tecnologia de forma eficiente. Então, primeira coisa que a gente fez é montar um sistema de governança. O que significa isso? A estrutura de implementação de projeto de inteligência artificial gerativa na nossa empresa é transversal para a empresa toda. O segundo ponto tem a ver com uma abordagem ‘top down’, ou seja, tem um grupo que decide o que fazer com uma abordagem mais participativa. O terceiro ponto tem a ver com a formação das pessoas. Nós lançamos um conceito que chamamos de AI Academy, e vamos treinar 100% dos nossos 10 mil funcionários em competência de inteligência artificial.

Griselli está no mercado de telefonia há mais de 20 anos Foto: Bruno Ryfer / Tim

Você tem algum receio de o ser humano perder o controle sobre a tecnologia?

Tudo que é novo gera suas oportunidades, seus medos e as suas dificuldades. Agora, o que podemos fazer como estrutura organizacional é nos preparar para poder encarar tantas oportunidades e mitigar os riscos associados a algo que é novo. Então, é novo para todo mundo. E tipicamente nas corporações existe a estrutura que coloca os controles, que identifica os riscos e que produz planos para mitigá-los. Agora, esses riscos, no nosso entender, são mais comuns ou mais possíveis na medida em que você deixa muita autonomia aos algoritmos na hora de se tomar alguma decisão.

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A TIM cobre quanto do território brasileiro hoje?

Temos a maior cobertura do Brasil. Cobrimos 100% dos municípios brasileiros. Só que o território brasileiro vai muito além dos municípios. Existem áreas que ficam fora dessas cidades em que há uma grande concentração de pessoas. Em parte dessas áreas, estamos chegando com a nossa cobertura. O Brasil é muito grande, um País continental, então, tem uma grande parte, quase 80%, que não tem cobertura. A Amazônia é um exemplo disso.

Vocês pretendem entrar na operação de satélites?

Estamos fazendo parcerias com empresas que têm essa tecnologia para aumentar o alcance do nosso serviço. Estamos utilizando novas constelações de satélites, entre elas, também da Starlink (do bilionário Elon Musk). Essas tecnologias vão ampliar as nossas coberturas e, aí, utilizaremos a móvel, fixa, mais satélites.

Qual é o investimento da TIM em novas tecnologias?

A última tecnologia que nós estamos implementando é o 5G. E, de fato, é a grande maioria do nosso investimento, que está em mais ou menos R$ 4,5 bilhões por ano. Nosso plano é por volta de R$ 13 bilhões em três anos.

A TIM já foi líder de mercado e, hoje, está em terceiro lugar. Como voltar ao topo?

Serviço bom e barato. Tem tudo a ver com a nossa tecnologia, a cobertura, a qualidade do 4G, do 5G. Conseguimos alcançar posições e, a partir de meados do ano que vem, estaremos de volta ao topo. Um grande elemento dessa recuperação é a inovação de produtos e serviços. Lançar sempre algo novo, como foi a recarga que dá um ‘pix back’ ao cliente.

Quais qualidades uma empresa de telefonia celular tem de ter para sobreviver nos próximos dez anos?

Acho que é ter capacidade de entender contextos, de agir rápido e inovar. É se mover para frente. É a capacidade de ser flexível, ser adaptável, de responder rapidamente aos desafios. O mundo é supercompetitivo, com muita disputa para os clientes, e isso se impõe como desafio para as empresas.

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Como é trabalhar hoje com um mundo cheio de incógnitas?

Planejar é, com certeza, importante. Temos planejamento estratégico rigoroso que são mais ou menos as oportunidades. Tem uma nova tecnologia e você fala: ‘Olha, tem um satélite que está chegando aí, vamos abraçar, vamos logo fazer uma parceria’. Trata-se da capacidade de responder e abraçar o novo.

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