Cinco pontos citados pelo CEO da Vale em sua primeira entrevista

Transição energética, controle de custos e negociações com o governo foram abordadas por Gustavo Pimenta um dia após a divulgação dos resultados do 3º trimestre e no dia do acordo de Mariana

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Foto do author Altamiro Silva Junior
Atualização:

RIO E SÃO PAULO - Em sua primeira videoconferência com analistas para comentar os resultados da Vale como presidente da empresa, nesta sexta-feira, 25, um dia após a divulgação do balanço do terceiro trimestre, Gustavo Pimenta deixou claro as suas prioridades. Falou sobre temas estratégicos para a companhia, como as apostas para aumentar a participação na transição energética. Ressaltou a busca de corte de custos, tema a que já se dedicava no cargo anterior, como vice-presidente financeiro. Abordou também a questão de negociações com o governo federal de temas pendentes, como a renovação de concessão de trens, e celebrou o fim de um impasse de quase nove anos, no dia da assinatura do acordo de Mariana, além de falar sobre a política em relação a outras barragens. Confira abaixo o que o CEO falou sobre cinco temas.

Apostas em metais da transição energética

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Pimenta disse que a mineradora quer ser líder no segmento de metais da transição energética, como cobre e níquel. A meta, segundo o CEO, é melhorar o mix desses produtos e acelerar o crescimento da produção principalmente de cobre, com custos cada vez menores.

“Reduzimos mais uma vez o guidance (tendência) do custo all-in (o custo total para um cliente) do cobre”, informou Pimenta, ressaltando que prevê entregar o guidance de produção de 2024 no limite superior.

A Vale atualizou a sua estimativa de custo all-in de cobre em 2024 para entre US$ 2.900 e US$ 3.300 por tonelada. A projeção anterior girava entre US$ 3.300 e US$ 3.800.

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Sobre o níquel, metal crítico para a transição energética, o executivo afirmou que há um espaço grande no mercado. “Mas a gente precisa ter o portfólio correto de níquel, a depender das condições de mercado, sendo flexível para navegar por qualquer ciclo também”, disse Pimenta.

De acordo com o CEO da Vale Metais Básicos, Shaun Usmar, a Vale já tem passado por algumas melhorias no custo unitário do níquel, tem manutenções programadas e ressaltou que estão sendo feitos investimentos na área.

Pimenta quer 'levar a companhia para a parte inferior da curva de custos' Foto: Divulgação/Vale

Corte de custos

Pimenta disse que o objetivo é levar a companhia para a parte inferior da curva de custos.

“Quanto mais eu olho a nossa base de custo mais confiante estou na nossa condição de chegar nesse guidance (abaixo de US$ 20 a tonelada até 2025), vai ser uma prioridade-chave para mim. Temos visto muita melhoria na nossa capacidade de retirar custos do sistema operando melhor”, disse Pimenta, citando ainda programas de eficiência concomitantes que a companhia está fazendo “e que também estão amadurecendo”.

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“Estamos partindo para o nosso sólido progresso para desenvolver a Visão Vale 2030, que pretendemos detalhar no nosso Vale Day no início de dezembro”, disse Pimenta, ressaltando que o movimento parte de três pilares.

O primeiro pilar é a manutenção do foco em segurança e excelência operacional para melhorar a competitividade; o segundo se refere a um portfólio superior, “vamos acelerar a nossa estratégia de minério ferro premium”; e o terceiro é mostrar aos stakeholders (públicos de interesse) que a empresa é confiável.

Nosso objetivo é produzir cerca de 350 milhões de toneladas de ferro, dos quais 80% a 90% serão produtos de alta qualidade”, informou. “Temos uma plataforma única de metais básicos com chance de crescimento muito grande”, adicionou.

Acordo de Mariana

Ao falar sobre o acordo de reparação da tragédia ocorrida em 2015 em Mariana (MG), assinado nesta sexta-feira, 25, o CEO da Vale reafirmou que a jurisdição correta de negociação é o Brasil (e não o Reino Unido, onde corre um julgamento relativo à empresa BHP, sócia da Vale na Samarco, cuja represa se rompeu na cidade mineira).

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“A decisão de se assinar o acordo hoje é um passo importantíssimo, nós sempre acreditamos, e hoje conseguimos corroborar isso, que a jurisdição correta para se fazer o acordo é o Brasil e conseguimos isso de forma exitosa”, afirmou, durante videoconferência com analista para comentar o resultado do terceiro trimestre do ano.

O governo federal formalizou no evento o compromisso firmado com as empresas para o pagamento de R$ 100 bilhões em recursos novos destinados a políticas de reparação socioambientais. Esse valor será destinado ao Poder Público ao longo de 20 anos.

Além disso, há R$ 32 bilhões em obrigações a fazer, diretamente pelas empresas. Ou seja, são R$ 132 bilhões em valores novos e R$ 38 bilhões já desembolsados via Fundação Renova, totalizando o valor global de R$ 170 bilhões.

Eliminação de barragens à montante

Pimenta afirmou que a mineradora segue com a meta de eliminar todas as barragens à montante (esse tipo de barragem tem os seus rejeitos depositados nela mesmo, formando uma “praia” de resíduos da mineração) no Brasil, e afirmou que o acordo oficializado nesta sexta-feira com o governo, em Brasília, sobre o total de R$ 170 bilhões para reparação dos danos decorrentes da tragédia de Mariana, Minas Gerais, foi uma solução benéfica para todos.

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“O dia de hoje marca capítulo importante da nossa história, com assinatura do acordo, que reforça o compromisso da Vale com a reparação justa. Chegamos a uma solução benéfica para todas as partes. O acordo de Marina confirma que instituições brasileiras são sólidas”, disse Pimenta.

Renovação de concessões de trens

A mineradora e o governo, segundo Pimenta, estão avançando nas conversas para a renovação das concessões dos trens usados pela mineradora. A expectativa é de que haja uma solução para o caso até o final deste ano.

“Temos avançado”, disse Pimenta, ao responder a uma pergunta de um analista na teleconferência de resultados. “Tem alguns procedimentos jurídicos que devem ser seguidos. Mas esperamos que até o final do ano a gente consiga resolver essa discussão.”

Na terça-feira,, 22, o ministro dos Transportes, Renan Filho, disse que o governo federal está próximo de fechar o acordo com a Vale para o pagamento de outorgas não quitadas na renovação antecipada de ferrovias. “Será neste ano com certeza”, afirmou ao Estadão/Broadcast.

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A mesa de negociações foi formada no início do ano e, em maio, conforme antecipou o Estadão/Broadcast, a companhia apresentou a proposta de R$ 16 bilhões. O governo, que inicialmente cobrava R$ 25,7 bilhões, pediu uma nova proposta à companhia. O novo valor, segundo Renan Filho, é próximo de R$ 20 bilhões.

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