BRASÍLIA - O presidente Luiz Inácio Lula da Silva está recebendo, na manhã desta quarta-feira, 20, o presidente da China, Xi Jinping, no Palácio da Alvorada, em Brasília. Após a reunião do G-20, os dois líderes assinarão acordos de cooperação e a visita do chinês à capital federal vai durar o dia todo, com reuniões bilaterais, cerimônia para a assinatura dos atos, almoço e jantar.
Entre os acordos previstos, a China deve anunciar a abertura de quatro mercados para produtos agropecuários brasileiros, conforme relatam ao Estadão/Broadcast pessoas que acompanham as tratativas. A novidade é o aval chinês para a entrada de farinha de peixe, utilizada para ração animal, do Brasil. Os outros três mercados são as autorizações para importação chinesa de sorgo, gergelim e uva fresca do Brasil.
As discussões técnicas para essas quatro aberturas já foram concluídas e os protocolos estão prontos, segundo as fontes, faltando apenas o anúncio político da decisão. Os países também assinarão protocolos de cooperação técnica em agricultura.
Nos bastidores do governo, havia também “boa expectativa” para que fossem anunciadas a abertura de mercado chinês para miúdos suínos brasileiros e a revisão do protocolo de exportação de pescado extrativo, mas os acordos ainda não foram finalizados, de acordo com os interlocutores.
Segundo uma pessoa próxima às negociações, o protocolo para miúdos suínos estava mais próximo de ser concluído com a análise técnica praticamente encerrada, mas o anúncio ficará para outra ocasião. A revisão do protocolo de pesca extrativa já está pronta tecnicamente, de acordo com o interlocutor, mas também não será anunciada hoje.
A expectativa dos interlocutores é que até o fim do ano os países finalizem os acordos para exportação de miúdos bovinos, miúdos suínos e miúdos de aves brasileiros. A avaliação é que os processos “estão bem encaminhados”.
Já a negociação para exportação de grãos secos de destilaria (DDGs, subproduto do etanol de milho) do Brasil ainda está em fase de discussão técnica, segundo as fontes. A revisão do protocolo de encefalopatia espongiforme bovina (EEB, doença popularmente conhecida como “mal da vaca louca”) e da regionalização da influenza aviária também não está pronta, devendo ser finalizada à frente, eventualmente em encontros da Comissão Sino-Brasileira de Alto Nível de Concertação e Cooperação (Cosban), segundo as fontes.
Nessa visita, a China também não vai anunciar ainda a habilitação de novos frigoríficos brasileiros autorizados a exportar carnes ao país asiático. No fim de outubro, o Brasil enviou uma nova lista de dez frigoríficos brasileiros, de carne bovina e de aves, aptos à exportação para a China, encaminhada pelo Ministério da Agricultura à Administração Geral de Alfândegas da China (GACC, autoridade sanitária chinesa). Uma nova leva de frigoríficos habilitados pode sair no primeiro trimestre de 2025, de acordo com as fontes.
No momento, a GACC está avaliando os processos e preparando a análise documental para posterior auditoria das plantas. A pauta bilateral entre Brasil e China inclui mais de 50 itens em negociação. O governo nutria há meses a expectativa de anúncios durante a visita do presidente Xi Jinping ao País. A lista de pedidos brasileiros aos chineses inclui, ainda, a abertura de mercado para carne bovina com osso, farelo de amendoim, farelo e óleo de pescados, lima ácida e arroz. A sincronia na aprovação de transgênicos (biotecnologia) também integra a agenda.
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