China aprova plano de US$ 1,4 trilhão para socorrer governos locais e reanimar economia

Pacote de apoio foi anunciado após outras medidas menores apresentadas nas últimas semanas para impulsionar o crescimento da economia da China

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Por Meaghan Tobin (The New York Times)

O governo chinês aprovou nesta sexta-feira, 8, um plano de US$ 1,4 trilhão (R$ 7,9 trilhões) para reanimar a economia, autorizando governos locais a refinanciar dívidas esmagadoras que deixaram algumas cidades incapazes de pagar suas contas.

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A medida encerra uma série de etapas que os líderes da China começaram a implementar em setembro para estimular o crescimento. O esforço ganhou maior urgência esta semana com a eleição de Donald J. Trump como presidente dos Estados Unidos. Trump prometeu travar uma guerra econômica com a China, dizendo que imporia tarifas adicionais de até 60% sobre os bens chineses importados pelos Estados Unidos.

A economia da China lutou para recuperar o impulso este ano. O colapso prolongado do mercado imobiliário, onde a maioria das famílias chinesas constrói sua riqueza, deprimiu os preços e deixou os consumidores relutantes em gastar. Os preços das casas caíram cerca de 10% ao ano nos últimos três anos, e as execuções hipotecárias estão disparando.

Ao mesmo tempo, os governos locais acumularam níveis insustentáveis de dívida. Por anos, eles impulsionaram o crescimento tomando empréstimos enormes de dinheiro para pagar por projetos de infraestrutura. Então, eles assumiram ainda mais dívidas durante a pandemia da covid-19. O governo central da China tem relativamente baixos níveis de dívida pública porque grande parte dos gastos é em grande medida canalizada por meio de cidades e províncias.

A economia da China tem lutado para recuperar o ímpeto pré-pandêmico, com a queda do mercado imobiliário Foto: Qilai Shen/Qilai Shen/NYT

Apesar dos crescentes problemas enfrentados pela economia, os principais líderes da China, até seis semanas atrás, hesitaram em tomar medidas significativas para quebrar o ciclo. Pequim historicamente favoreceu o crescimento liderado pelo Estado em vez de estímulo direto ao consumidor. No final de setembro, o governo tomou uma atitude e facilitou para as famílias e empresas tomarem empréstimos.

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O plano de US$ 1,4 trilhão anunciado sexta-feira pelo Comitê Permanente do Congresso Nacional do Povo, embora substancial, aliviará apenas uma fração da dívida que pode ser atribuída aos governos locais da China.

Uma grande parte dessa dívida é mantida em veículos financeiros especiais que a mantiveram fora dos orçamentos públicos oficiais. O Fundo Monetário Internacional (FMI) estimou no ano passado que essa dívida oculta somava US$ 8,3 trilhões (R$ 47 bilhões).

Pequim precisará fazer mais para estabilizar a economia à medida que o crescimento global desacelera e espera-se que a demanda dos EUA por bens chineses diminua, disse Wang Tao, economista-chefe da China no UBS, o banco suíço.

“O que foi anunciado até agora provavelmente não é suficiente”, disse Wang.

O nível de dívida da maioria dos governos provinciais dobrou de 2018 a 2023, disse Victor Shih, especialista em política e finanças chinesas na Universidade da Califórnia, San Diego.

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Nos últimos anos, alguns governos locais endividados atrasaram o pagamento dos salários de funcionários de nível municipal e distrital. Pagar os salários desses trabalhadores ajudaria a fazer as pessoas da classe média gastarem novamente, disse Shih.

Em setembro, o banco central da China reduziu as taxas de juros de curto prazo e as taxas sobre hipotecas existentes, reduziu o pagamento mínimo inicial para a compra de habitações e liberou os bancos comerciais controlados pelo Estado do país para emprestar mais, incluindo para promover compras de ações.

Dúzias de cidades chinesas relaxaram as restrições à compra de casas nos últimos meses numa tentativa de fazer mais pessoas comprarem.

Um dos efeitos mais tangíveis até agora do empurrão para o estímulo foi uma alta nos mercados de ações da China, que estavam entre os piores desempenhos do mundo antes da recente virada. Mas desde as primeiras medidas do banco central em 24 de setembro, o CSI 300, um índice de grandes empresas que operam em Xangai e Shenzhen, saltou mais de 20%.

Esses movimentos ajudarão a economia a atingir a meta de cerca de 5% de crescimento, mas não reavivarão a demanda no mercado imobiliário, disse Larry Hu, economista-chefe da China para o Macquarie Group, uma empresa de serviços financeiros australiana. “Para esse propósito, precisamos de um estímulo mais considerável”, disse Hu.

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Mais financiamentos poderiam ser anunciados em dezembro após a Conferência Central de Trabalho Econômico, a conferência anual que define a política econômica da China. Mas mais dinheiro não abordará a reestruturação fundamental que alguns economistas dizem ser o que a economia realmente precisa.

“Embora esta seja uma grande quantidade de dinheiro, ainda é basicamente empurrar o problema com a barriga”, disse Shih.

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