China anuncia tarifas de 34% a importações dos Estados Unidos em retaliação a Trump

Nesta semana, país foi o mais afetados pelas taxas criadas pelo governo americano, que impôs 34% de imposto de importação, além dos 20% que já estavam em vigor

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Atualização:

Dois dias após o anúncio do tarifaço por Donald Trump , feito na quarta-feira, 2, a China reagiu. Nesta sexta-feira, 4, o país divulgou uma série de medidas retaliatórias contra os Estados Unidos, entre elas uma tarifa de 34% sobre todos os produtos importados do território americano, dando uma amostra do que deve ser a guerra comercial daqui para frente.

Governo de Xi Jinping anunciou retaliações aos Estados Unidos Foto: Ng Han Guan/AP

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As tarifas chinesas entram em vigor no próximo dia 10, segundo comunicado da Comissão Tarifária do Conselho Estatal. Na quarta-feira, Trump, anunciou tarifas “recíprocas” de 34% a importações da China, que se somam à tarifação anterior de 20% já em vigor.

Separadamente, o Ministério do Comércio da China disse adicionou 11 empresas americanas à sua lista de “entidades não confiáveis”, impedindo-as de fazer negócios na China ou com empresas chinesas. O ministério impôs um sistema de licenciamento para restringir as exportações de sete elementos de terras raras que são minerados e processados ​​quase exclusivamente na China e são usados ​​em tudo, de carros elétricos a bombas inteligentes.

O Ministério do Comércio também anunciou que estava iniciando duas investigações comerciais sobre exportações americanas de equipamentos de imagem médica — uma das poucas categorias de fabricação nas quais os Estados Unidos continuam competitivos internacionalmente.

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A Administração Geral de Alfândegas da China disse que suspenderia as importações de frango de cinco dos maiores exportadores de commodities agrícolas dos Estados Unidos e as importações de sorgo de uma sexta empresa.

As novas tarifas atingirão menos bens do que as tarifas do presidente Trump apenas porque a China vende muito mais para os Estados Unidos do que compra. O país asiático comprou US$ 147,8 bilhões em semicondutores, combustíveis fósseis, produtos agrícolas e outros produtos americanos no ano passado. Ela vendeu US$ 426,9 bilhões em smartphones, móveis, brinquedos e muitos outros produtos para os Estados Unidos.

A China é a segunda maior fonte de importações dos Estados Unidos, depois do México, e o terceiro maior mercado de exportação, depois do Canadá e do México.

Mas enquanto as tarifas do presidente Trump isentaram algumas grandes categorias de importações, como semicondutores e produtos farmacêuticos, as tarifas chinesas não têm isenções.

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O Ministério das Finanças da China emitiu declaração criticando fortemente as tarifas de Trump. “Essa prática dos EUA não está de acordo com as regras do comércio internacional, prejudica seriamente os direitos e interesses legítimos da China e é uma prática típica de intimidação unilateral”, disse o ministério.

O país foi um dos mais afetados pelo tarifaço do republicano, que cria uma iminente guerra comercial no mundo, podendo afetar o crescimento econômicos dos próximos anos, além de desorganizar toda a cadeia global de produção.

A resposta da China não é uma boa notícia para a economia global e demonstra menor espaço de negociação da política tarifária para os Estados Unidos. A retaliação mostra o rsenal de ferramentas à disposição da China, um dos motivos pelos quais Pequim se sente mais bem preparada para enfrentar uma guerra comercial com os Estados Unidos hoje do que durante o primeiro governo Trump, avaliam especialistas.

Além disso, a China deve buscar mercados alternativos para os seus produtos, com uma inundação de produtos chineses pelo mundo, o que pode impactar a concorrência nos setores automobilístico e têxtil.

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Reação global

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A reação da China é o início de um movimento que se deve intensificar nas próximas semanas. Cada país estuda medidas diferenciadas e alternativas aos Estados Unidos. O ministro da Economia e Finanças da França, Éric Lombard, afirmou que a União Europeia tem reuniões marcadas, a partir de segunda-feira, 7, para construir uma resposta “proporcional” e que coloque o bloco “na mesa de negociações”.

Segundo ele, a União Europeia (UE) deve vender menos produtos após o tarifaço de Trump, mas que o bloco econômico tem uma das economias mais poderosas do mundo e capacidade de “negociar como iguais”.

“O impacto, que inicialmente será menor na Europa, é que venderemos menos produtos. Infelizmente é uma dificuldade para nossas empresas, para os exportadores”, lamentou Lombard em entrevista ao canal francês BFM TV e à rádio RMC. Ele considerou a proposta de Trump “agressiva”. As tarifas recíprocas ajustadas aplicadas aos países da UE devem ficar em 20%, conforme comunicado da Casa Branca.

No Brasil, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva disse na quinta-feira, 3, que o Brasil vai tomar “todas as medidas cabíveis” para defender o País após Donald Trump impor uma taxação de 10% nas exportações brasileiras que entram nos Estados Unidos. Segundo ele, a atuação terá como referência a lei da reciprocidade econômica aprovada na quarta-feira pelo Congresso e as diretrizes da Organização Mundial do Comércio (OMC).

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No caso do Canadá, o primeiro-ministro do Canadá, Mark Carney, afirmou na quinta-feira, 3, que seu país está reforçando laços com outros parceiros comerciais. “Parceiros confiáveis são mais importantes que nunca, com as tarifas de Donald Trump”, disse. Ele revelou ter conversado com líderes como a presidente do México, Claudia Sheinbaum, o chanceler alemão, Olaf Scholz, a presidente da Comissão Europeia, Ursula von der Leyen, o primeiro-ministro britânico, Keir Starmer, e o presidente francês, Emmanuel Macron.

A presidente do México, Claudia Sheinbaum, também disse que país vai assinar e vai manter um acordo de trocas comerciais com a União Europeia. O país comemorou ter ficado de fora das tarifas gerais aplicadas pelos Estados Unidos a todo o mundo e o fato de que o acordo de livre comércio da América do Norte, o T-MEC, permanecerá em vigor. A partir de agora, o México se concentrará em melhorar as condições dos dois setores que mantêm suas taxas de 25%: automotivo e aço e alumínio. /COM NYT