China: fundo de preservação precisou alertar que zoo estatal ficou sem dinheiro para animais

Pagamentos de funcionários estavam suspensos havia seis meses; governo local afirmou que atraso se devia a ‘restrições financeiras’

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Por Redação

Um grupo da China dedicado à conservação de espécies ameaçadas chamou a atenção no país ao alertar para a situação de animais passando fome em um zoológico no bairro Wafangdian, da cidade Dalian. Com a crise econômica chinesa, o zoológico, que é uma instituição pública, estava restringindo a comida aos animais e manteve o pagamento de funcionários suspenso durante seis meses.

O alerta foi feito pelo Fundo para Espécies Ameaçadas, no início de setembro, em uma publicação na rede social chinesa Weibo. “Ainda há filhotes de urso no zoológico que precisam ser alimentados, e uma égua que espera para dar a luz já está sem comida. Metade dos trabalhadores não recebe há seis meses”, dizia a publicação. Um usuário do Weibo citou que haveria comida suficiente apenas para dois ou três dias a partir dali.

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De acordo com a Rádio Nacional da China, o Parque Dongshan é administrado pelo Departamento de Jardins do Centro Municipal de Wafangdian, sendo um local aberto ao público gratuitamente. Atualmente existem 21 espécies de animais no criadouro do parque, totalizando 241 animais. Na rede social chinesa, internautas pediram que o poder público intervisse. Alguns deles sugeriram o apadrinhamento de animais ou até mesmo a realização de lives para angariar fundos.

A situação do zoológico reflete a crise econômica que a China tem enfrentado após a pandemia de covid-19 que se acentuou no último semestre, com desemprego recorde entre os jovens e um setor imobiliário em crise. Em agosto, a inflação subiu menos que o esperado na comparação anual, avançando 0,1% ante igual mês do ano passado, após cair 0,3% no confronto anual de julho.

Fundo para Espécies Ameaçadas alertou que zoológico em Dalian precisava de ajuda financeira para alimentar animais. Na foto, criança alimenta um panda vermelho em um zoológico na capital Pequim. Foto: Pedro Pardo/AFP

No início de setembro, algumas cidades chinesas, incluindo Dalian, onde fica o zoológico, aboliram restrições à aquisição de moradias para atrair compradores, em uma tentativa de driblar a crise imobiliária.

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Nos primeiros oito meses de 2023, as construções iniciadas de moradias sofreram uma queda de quase 25% em relação ao mesmo período do ano passado. Já o declínio no investimento imobiliário aprofundou-se em agosto, enquanto os preços de casas recuaram em 52 das 70 principais cidades chinesas, ante 49 localidades em julho, de acordo com dados oficiais.

A imprensa chinesa noticiou que, após a repercussão do caso do zoológico, o governo local foi até o local e realocou fundos, permitindo o pagamento de funcionário e a compra de ração. Ao The Paper, um funcionário do Departamento de Habitação e Desenvolvimento Urbano-Rural da cidade de Wafangdian disse que as dotações financeiras foram recebidas no dia 6 de setembro e seriam distribuídas no dia 7. Ele explicou que o atraso se devia “a restrições financeiras”.

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