Direito do consumidor

Opinião | Classes B e C ganham reforço para o consumo

Foto do author Cláudio Considera
 

Alguns anúncios das últimas semanas devem impactar fortemente os consumidores brasileiros. O consignado CLT, para quem tiver emprego registro em carteira; dinheiro antigo do PIS/Pasep; o projeto de lei que prevê isenção de Imposto de Renda (IR) para quem receba até R$ 5 mil por mês, e ampliação do programa Minha Casa Minha Vida que financiará imóveis de até R$ 500 mil mil, para famílias com renda mensal entre R$ 8 mil e R$ 12 mil.

PUBLICIDADE

Se considerados coletivamente, tendem a estimular a economia, e a melhorar o poder aquisitivo das classes C (com renda mensal entre R$ 3.400,00 e R$ 8.100,00) e a primeira da classe B ( que começa com renda de até R$ 8,1 mil). Mas, por extensão, todas as classes sociais serão, de alguma forma, atingidas positivamente.

Mais renda significa mais e melhor padrão de consumo, o que provoca aumenta da produção industrial, principalmente da venda de alimentos.O maior cuidado, contudo, deve ocorrer em relação ao financiamento habitacional.

É muito positivo que parte da classe B também desfrute dos benefícios do Minha Casa, Minha Vida. Mas o fato de ter direito a não significa que essas famílias devam partir imediamente para a compra da casa própria.

Esse é um compromisso grande e prolongado. Para assumi-lo, é fundamental ter segurança de continuar trabalhando e, portanto, recebendo salário mensalmente. E, se possível, é extremamente importante contar com um valor expressivo de dinheiro para uma entrada que reduza o valor total a ser pago.

Publicidade

Caso a família interessada em se tornar proprietária de imóvel tenha um terreno, automóvel ou outro bem com valor relevante, pode ser boa ideia vendê-lo para reduzir o saldo total ou o valor das prestações.

Usar o saldo do Fundo de Garantia (FGTS) ou do 13º salário também pode valer a pena.Com relação ao consignado CLT, será uma excelente oportunidade para trocar uma dívida com juros muito elevados - como a do rotativo do cartão de crédito - por um com taxas mais palatáveis.

Nunca me canso de repetir que essas, digamos, benesses governamentais não devem ser utilizadas como reforço ao consumismo, mas sim para o equilíbrio financeiro.

Antes de concluir, reforço que todas as medidas me parecem justas, porque há categorias que se doam penduricalhos que multiplicam seus salários, e as emendas parlamentares terão R$ 50 bilhões, uma montanha de dinheiro equivalente a 10 mil imóveis de R$ 500 mil.

Opinião por Cláudio Considera

É ex-presidente do conselho da Proteste Associação de Consumidores e professor de Economia da Universidade Federal Fluminense (UFF). Foi titular da Secretaria de Acompanhamento Econômico (SEAE), chefe de Contas Nacionais do IBGE e diretor de Pesquisa do Ipea.

Comentários

Os comentários são exclusivos para cadastrados.