Direito do consumidor

Opinião | Por que a Taxa Selic deve influenciar nossos gastos?

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Foto do author Cláudio Considera
 Foto: Nacho Doce/Estadão

Esta semana, o Comitê de Política Monetária (Copom) do Banco Central deverá se reunir e o mercado projeta um aumento de um ponto percentual na Taxa Selic, elevando o juro básico da economia para 14,25%. Embora os juros no mercado sejam bem superiores a esse, ela serve como orientação para a definição das demais taxas. No atual cenário, faça muito bem as contas antes de comprar em várias vezes. E não recorra ao crédito rotativo dos cartões.

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Entre agosto de 2020 e janeiro de 2021, em plena pandemia de coronavírus, a Selic ficou em 2%, a fim de estimular o crescimento econômico. Em março de 2021, retomou sua trajetória de elevação, interrompida em agosto de 2023, e foi caindo até julho do ano passado. De lá para cá, já aumentou 2,75 pontos percentuais, e este aumento poderá chegar a 3,75 pontos percentuais nesta quarta-feira, a se confirmar o índice que será definido pelo Copom.

Mais do que uma sopa de números, o que interessa ao consumidor é perceber que os juros estão muito elevados, e que isso se reflete, por exemplo, nos empréstimos e financiamentos. Na prática, ficam mais caros, por exemplo, financiamentos para comprar um carro ou uma casa, duas compras que envolvem grandes somas de dinheiro.

Portanto, antes de qualquer decisão de compra, faça e refaça as contas. E, mais do que o orçamento doméstico e de avaliação de quanto tem investido em aplicações ou do seu saldo no Fundo de Garantia, avalie também se confia em continuar no emprego ou se sua microempresa terá faturamento suficiente para pagar contas mais salgadas.O ideal seria comprar sempre à vista. E, nos casos de casa própria e automóvel, ter condições para dar uma entrada significativa, da ordem de 30% a 40%. Assim, teria mais fôlego para pagar as prestações.

É claro que não há como escapar de despesas obrigatórias - condomínio, aluguel, prestações da casa, escola dos filhos, luz, água, gás, impostos -, nem de gastos essenciais, como alimentação, medicamentos, transporte, vestuário básico.

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Mas sempre é possível comparar preços e evitar, ao máximo, as compras por impulso. Seja rigoroso no orçamento doméstico e adie gastos que não sejam urgentes. Assim que a inflação der sinais de estar mais controlada, haverá a possibilidade de estabilidade e até de redução da Taxa Selic. Em algum momento, essa queda chegará aos juros em geral, abrindo novamente o horizonte para o consumo menos restritivo.Fique atento ao noticiário econômico, e não avance o sinal.

Opinião por Cláudio Considera

É ex-presidente do conselho da Proteste Associação de Consumidores e professor de Economia da Universidade Federal Fluminense (UFF). Foi titular da Secretaria de Acompanhamento Econômico (SEAE), chefe de Contas Nacionais do IBGE e diretor de Pesquisa do Ipea.

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