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Direito do consumidor

Opinião|Vamos falar sobre o dólar?

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Foto do author Cláudio Considera

O presidente Luiz Inácio Lula da Silva, em um de seus cada vez mais frequentes arroubos verbais, disse que o povo pobre não come dólar. Não adianta, contudo, tentar mascarar o risco que os brasileiros correm de ter pela frente, de novo, inflação em alta, inclusive nos alimentos, devido à alta da moeda norte-americana.

 

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A regulamentação da Reforma Tributária, porém, poderá adiar esse problema com a desoneração de até 60% dos tributos. Representantes da população deveriam acompanhar de perto e atentamente, a votação da regulamentação no Senado, pois está em jogo mais ou menos comida no prato.

Temas que antes seriam de interesse exclusivo de economistas, empresários, investidores e, é claro, governantes, agora impactam - e às vezes assustam - até as pessoas que não tenham familiaridade com eles. Não é preciso ser um especialista para saber que a escalada do dólar, seja pelo motivo que for, chega aos preços dos combustíveis e dos insumos importados, e que os transportes encarecem tudo o que se compra.

Uma medida poderia ser adotada imediatamente para evitar, ao menos, que a cotação da moeda estrangeira suba por razões internas: melhorar a comunicação das autoridades. O partido do governo federal, ao criticar medidas do ministro da Fazenda, Fernando Haddad, coloca lenha na fogueira.O presidente Lula, quando flerta com a ditadura bolivariana de Maduro, ou quando critica a autonomia do Banco Central, joga para a plateia mais à esquerda, mas atiça as brasas da instabilidade econômica.

Os deputados e senadores também jogam gasolina nas chamas quando brigam pelo poder, e parecem se preocupar mais com a sucessão nas duas casas legislativas (Câmara dos Deputados e Senado Federal) do que com o dia a dia da economia, que afeta as finanças das famílias.

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Quando muitos deixam para lá os verdadeiros interesses da população - emprego, renda, alimentação, saúde, transporte, moradia, inflação sob controle - as condições são as ideais para que a moeda norte-americana dispare frente ao Real. E isso piora a vida dos mais pobres, que gastam a maior parte de sua renda com comida.

Sim, deveríamos acompanhar o sobe e desce do dólar como fazemos com as disputas olímpicas e os campeonatos regionais e nacionais de futebol. Gostando ou não, a disparada do dólar é bem cada vez mais importante em nossas vidas.

Opinião por Cláudio Considera

É ex-presidente do conselho da Proteste Associação de Consumidores e professor de Economia da Universidade Federal Fluminense (UFF). Foi titular da Secretaria de Acompanhamento Econômico (SEAE), chefe de Contas Nacionais do IBGE e diretor de Pesquisa do Ipea.

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