Nesta terça-feira, 25, começaram a circular em Bogotá, na Colômbia, 336 ônibus articulados e biarticulados exportados pela Volvo do Brasil para o projeto Transmilenio. É o primeiro lote de um total de 700 veículos adquiridos pela prefeitura da capital colombiana.
É o maior negócio da empresa nesta década para uso no sistema BRT (sigla em inglês para Transporte Rápido por Ônibus), que estabelece rotas específicas apenas para o transporte público. O sistema foi adotado pela primeira vez em 1974, em Curitiba, no Paraná, mas há anos a cidade mantém uma linha dedicada de 100 km.
Bogotá, que iniciou seu projeto em 2001, tem 450 km de linhas exclusivas para o BRT que atendem quase toda a cidade e redondezas e transportam diariamente cerca de 2,5 milhões de pessoas. A frota total no sistema é de 3,5 mil ônibus, dos quais 40% estão sendo renovados entre este ano e o próximo.
Da frota total, 2,3 mil chassis foram fabricados pela Volvo em Curitiba, incluindo as 700 unidades do novo contrato. O lote restante será entregue até meados de 2020. Para dar conta do pedido, a montadora ampliou a produção de seis para dez veículos ao dia, com contratações e uso total da capacidade em um turno de trabalho.
Outra fabricante brasileira, a Scania, também participa do programa de renovação da frota colombiana e vai exportar 480 veículos ao país. A diferença é que os veículos da empresa de São Bernardo do Campo, no ABC paulista, são movidos a gás natural (GNV), e os da Volvo são a diesel, com tecnologia Euro 5.
Menos acidentes
Fabiano Todeschini, presidente da Volvo Buses Latin America, cita que uma das novidades dos ônibus da marca é o Controle Automático de Velocidade, dispositivo que reduz a velocidade dos veículos em pontos críticos da cidade, sem a ação do motorista.
"Entregamos um software para a operadora dos ônibus e órgãos de regulamentação do trânsito e eles podem estabelecer uma velocidade menor em áreas residenciais, locais próximos a hospitais, escolas e terminais", explica o executivo. "Todo o controle é feito de forma remota."
Segundo ele, o teste do sistema foi feito em Curitiba entre março de 2018 e março de 2019. Desde então, houve redução de 50% em acidentes. "Todos os nossos veículos agora têm esse sistema".
Da produção de ônibus da Volvo, 60% são exportadas para vários países. Todeschini aguarda os resultados de duas novas licitações de Bogotá (para mais 2,1 mil ônibus) e do Chile (3 mil). Dependendo dos resultados, que devem sair em dois a três meses, a empresa terá de ampliar a produção na fábrica brasileira ou dividir o contrato com a matriz da Suécia.
Para o mercado interno, Todeschini projeta alta de 50% nas vendas de todas as marcas, acima da projetada no início do ano, de 15% a 20%. De janeiro a maio o aumento foi de 73,8% em relação a 2018, somando 8.108 unidades, segundo a Anfavea (associação das fabricantes).
O crescimento vem principalmente de encomendas de ônibus urbanos da cidade de São Paulo e da maior procura por ônibus rodoviários.
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