CNI elogia política industrial, mas vê R$ 300 bi como insuficiente; associações citam ajuste fiscal

Velloso, da Abimaq, defende estímulo à indústria, mas fala em ‘economia equilibrada’; presidente da CBIC, Renato Correia, diz que governo deve atuar ‘muito mais como um indutor’

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Atualização:

BRASÍLIA - Industriais elogiaram a iniciativa do governo Lula de retomar a política de estímulos ao setor, mas se dividiram sobre o impacto que a ampliação dos gastos públicos poderá ter na economia. O governo promete injetar R$ 300 bilhões na nova política industrial, sendo R$ 271 bilhões em empréstimos - alguns com taxas de juros subsidiadas pelo Tesouro Nacional.

Haverá ainda estímulos por meio da preferência nas compras governamentais para fabricantes brasileiros, além da exigência de conteúdo local (compra de fornecedores brasileiros).

O vice-presidente e ministro do Desenvolvimento, Industria, Comércio e Serviços (MDIC), Geraldo Alckmin, e o presidente Luiz Inacio Lula da Silva durante reunião do Conselho Nacional de Desenvolvimento Industrial (CNDI), no Palácio do Planalto. Durante o encontro, foi lançada a Nova Indústria Brasil Foto: Foto: Ricardo Stuckert / PR

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Diretor de Desenvolvimento Industrial e Economia da Confederação Nacional da Indústria (CNI), Rafael Lucchesi disse considerar o valor um “ponto de partida”, ainda que insuficiente. Já outros representantes do setor fizeram referência ao impacto fiscal e à agenda de ajuste nas contas do governo empregada pelo ministro da Fazenda, Fernando Haddad.

“É claramente insuficiente”, disse Rafael Lucchesi, que também é membro do conselho de administração do BNDES. “R$ 300 bilhões são US$ 60 bilhões. Estados Unidos estão colocando US$ 1,9 trilhão; União Europeia, US$ 2 trilhões; o Japão, US$ 1,5 trilhão. Então, digamos assim, ainda é pouco; precisamos fazer mais, mas é um belo ponto de partida”.

A comparação com estes países foi feita pelos auxiliares do presidente Luiz Inácio Lula da Silva no lançamento da nova política industrial nesta segunda-feira, 22, no Palácio do Planalto, com a defesa de que o Brasil deve seguir na mesma trilha.

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“Países no mundo todo colocam como elemento central investir na atividade produtiva, essa é uma agenda de país. E por quê? Porque são as atividades econômicas que geram maior produtividade e agregam o maior valor, comparado a todas as outras atividades”, acrescentou Lucchesi.

Rafael Lucchesi, da CNI, elogia nova política industrial, mas considera valor insuficiente. Foto: Marcelo Camargo/Agência Brasil

O presidente da Câmara Brasileira da Indústria da Construção (CBIC), Renato Correia, disse avalizar o desenho do programa, mas diz acreditar que ajustes deverão ser feitos à medida que a política avance.

“Tem subvenção, tem empréstimos. Qual é a capacidade real do governo de transformar isso em dinheiro na veia? Nós vamos ver ao longo do tempo. Não adianta conseguir isso e inflacionar (a economia). Inflação é perda de renda”, afirmou Correia. “O que a gente tem que ter de preocupação é que seja tudo feito com responsabilidade fiscal, o governo muito mais como um indutor, para atração da iniciativa privada”.

José Velloso, presidente da Associação Brasileira da Indústria de Máquinas e Equipamentos (Abimaq), afirmou que a política de estímulos ao setor industrial é importante para aumentar a taxa de investimento da economia, mas defendeu a contenção de gastos por meio de iniciativas como a reforma administrativa.

“A política industrial sempre começa com o equilíbrio da economia. Não adianta fazer uma política industrial se a economia não crescer. Ninguém vai investir em um país que não esteja com a economia equilibrada, com ambiente econômico e crescimento, por isso a agenda do ministro Haddad é muito importante”, afirmou.

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