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Acelen contrata superpetroleiro para reduzir custos de frete

Com estratégia, refinaria do Mubadala Capital também diminui emissões de carbono

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Navio classe VLCC (Very Large Crude Carrier) contratado pela Acelen Foto: AET Foto: AET

Para reduzir custos com frete, a Acelen, dona da Refinaria de Mataripe (BA), contratou no início de dezembro, pela primeira vez, um navio classe VLCC (Very Large Crude Carrier), a maior para petroleiros de longo curso. Foram importados 2 milhões de barris de óleo equivalente (boe) de Angola de uma única vez. Como bônus, a empresa também reduz emissões.

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A Acelen, empresa do Mubadala Capital, importa da bacia do Atlântico entre 30% e 40% do óleo bruto que processa na refinaria baiana. Para tanto, no primeiro ano de atividade foram utilizados navios do tipo SuezMax, com capacidade de até 1 milhão de barris.

De acordo com o vice-presidente de Comercial, Trading e Shipping da Acelen, Cristiano da Costa, dobrar o volume da operação com a contratação de VLCC reduz o custo com frete em cerca de um terço, além de conferir maior segurança ao fornecimento de matéria-prima e queimar menos combustível, em linha com metas ambientais. Antes, no Brasil, navios do tipo VLCC só eram usados em operações da Petrobras.

Com guerra na Ucrânia, valor do frete no Atlântico disparou

Segundo o executivo, a guerra na Ucrânia e as sanções à Rússia provocaram um rearranjo de fornecedores e rotas que levaram a um aumento de quase 300% no valor do frete no Atlântico. Nesse contexto, empresas como a Acelen têm buscado soluções para escapar dessa escalada de custos. Por isso, após a primeira entrega da carga via VLCC em 6 de dezembro, a companhia já planeja repetir a operação nos meses de janeiro e fevereiro para, em seguida, torná-la corriqueira. Hoje, diz Costa, o frete representa cerca de 95% do prêmio do óleo entregue no Brasil.

Refinaria processa 300 mil barris de petróleo por dia

Comprada da Petrobras em 2021, a Refinaria de Mataripe processa 8 milhões de barris de petróleo por mês, algo entre 250 mil e 300 mil barris por dia. Desse total, desde julho deste ano, até 3 milhões de barris têm vindo da África, Golfo do México (EUA) ou Guiana. O restante é comprado do sistema Petrobras, que revende petróleo extraído por petroleiras independentes no Recôncavo Baiano ou pela própria Petrobras nas bacias de Campos e Santos.

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Segundo Costa, a procedência do petróleo utilizado em Mataripe se deve às suas características físico-químicas e não exatamente a custos de oportunidade. Com mais de 30 derivados, o portfólio da Acelen vai além de gasolina e diesel, e alcança lubrificantes, gases especiais, parafinas, e asfalto, exigindo por vezes cargas de óleo bruto com características diferentes da nacional.

O petróleo angolano trazido no navio do tipo VLCC, por exemplo, tem baixo teor de enxofre e vai atender o plano de produção dos próximos meses. Este ano, diz o executivo, a Acelen lançou três produtos novos - butano e propano especiais, além de um solvente - e planeja fabricar novos produtos para o ano que vem. O volume de petróleo importado, portanto, depende da projeção de demanda de cada produto, mas tende a aumentar nos próximos anos com a consolidação do portfólio.

Calado do navio atinge 22 metros de profundidade

O navio Daba, classe VLCC, tem 333 metros de comprimento, 316 mil toneladas de porte bruto e capacidade para transportar 2 milhões de barris de óleo equivalente. O calado atinge 22 metros de profundidade.

O petroleiro saiu de Angola nos últimos dias de novembro e atravessou o Atlântico, chegando à costa baiana em 6 de dezembro. Foi a primeira vez que um petroleiro desse porte operou na Bahia e, justamente por isso, não pode atracar no porto da Baía de Todos os Santos, em Salvador. A transferência de carga será feita por meio de uma operação “ship to ship”, em que a carga é repassada a navios menores a uma distância de 130 quilômetros da costa para internalização no Terminal Madre de Deus, no Recôncavo Baiano.


Esta nota foi publicada no Broadcast no dia 15/12/2022, às 14h33

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