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Bastidores do mundo dos negócios

Acionista tenta barrar aumento de capital na Gafisa

Esh Capital levanta a suspeita de que a injeção de dinheiro serviria para a incorporadora comprar terrenos ligados a negócios do controlador Nelson Tanure

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Foto do author Circe Bonatelli
Obra de prédio residencial da Gafisa, na zona sul da capital paulista Foto: CLAYTON DE SOUZA/AE

A Esh Capital, do investidor Vladimir Timerman, pediu a convocação de uma assembleia de acionistas da Gafisa para barrar uma proposta de aumento de capital de R$ 150 milhões. Isso aconteceu via notificação com data de 31 de novembro. Timerman acusa os controladores da incorporadora de adotarem medidas em benefício próprio e que contrariam o interesse dos demais acionistas, conforme afirmou em entrevista à Coluna.

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Foi isso que motivou a Gafisa a publicar fato relevante no fim da noite de quinta-feira, 8, no qual informou que faria a convocação de uma assembleia a pedido de um acionista, sem revelar o solicitante nem o tema para a convocação.

Timerman questiona a necessidade de um novo aumento de capital na incorporadora e levanta a suspeita de que a injeção de dinheiro serviria para a Gafisa comprar terrenos ligados a negócios do controlador da incorporadora, o empresário Nelson Tanure.

Questionamento teria como base histórico da atual gestão

O questionamento, segundo ele, é feito com base no histórico da atual gestão. Ele citou a emissão de debêntures de R$ 245 milhões conversível em ações feita pela Gafisa, no ano passado, na qual os recursos serviram, entre outras coisas, para pagar a compra de cotas da sociedade detentora do projeto de empreendimento Costa do Peró, em Cabo Frio (RJ), onde seriam erguidos um resort, prédios residenciais e comerciais.

O dono desse projeto era a Wotan, holding de investimentos financeiros e imobiliários que hoje consta como acionista da Gafisa. Também haveria indícios de que essa holding tenha ligação com Tanure.

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Outro problema: o empreendimento Costa do Peró acumula 47 processos no Tribunal de Justiça do Rio de Janeiro. Trata-se de um projeto gigantesco e polêmico, de 4,5 milhões de m² ao longo de 3,5 quilômetros da orla. A área não comportaria edificações por ser uma zona de preservação permanente, com nascentes, lagoas, restinga e dunas, segundo o Ministério Público Federal. Sentença do ano passado mandou, inclusive, demolir as construções já realizadas no local. Cabe recurso.

Timerman é acionista do tipo ativista

A Esh Capital passou a comprar ações da Gafisa nas últimas semanas e atingiu a marca de 5%, patamar que lhe dá direito a pedir a convocação da assembleia. Timerman é um acionista do tipo ativista, que costuma comprar briga contra decisões que, ao seu ver, afrontam minoritários. Ele também é um antigo conhecido de Tanure, com quem rivalizou (e perdeu) na Alliar.

Procurada, a Gafisa não comentou. A assessoria de Tanure encaminhou uma nota assinada por seus advogados repudiando os termos da notificação de Timerman e demais ofensas que, segundo eles, constam no documento. Os advogados também afirmam que tais manifestações serão anexadas em outro processo no qual o dono da Esh responde por calúnia, difamação e perseguição.


Esta nota foi publicada no Broadcast no dia 09/12/2022, às 17h19

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