Ao obter permissão da Justiça para pagar antecipadamente credores trabalhistas e pequenos fornecedores, a Americanas abriu mão de duas das classes de credores, que poderiam respaldar seu plano de recuperação judicial, para priorizar sua reputação. A Americanas é uma empresa tradicional e de elevada visibilidade para o consumidor brasileiro. Com pouco menos de R$ 200 milhões em caixa - uma fração dos R$ 2 bilhões do empréstimo que irá receber e de sua dívida declarada até o momento em R$ 43 bilhões -, retira trabalhadores de discussões na Justiça, que deve se estender por um longo prazo, e mostra ao mercado que os fornecedores não serão prejudicados.
Ideia é manter barulho restrito aos grandes credores
Para advogados especialistas em recuperação judicial, a ideia é manter o barulho restrito aos grandes credores - os maiores bancos do País. Como bem lembrou um dos interlocutores, os pequenos credores batem panelas nas portas das lojas e podem chamar atenção até de políticos.
Além do que, como existe uma investigação por indícios de fraude cometida por um trio de grandes e renomados investidores, os bancos vão até o fim nessa briga, o que levará tempo e pode marcar o caso como sendo dos ricos prejudicando os pobres.
Advogados traçam paralelo com recuperação da Samarco
Os advogados traçam um paralelo com outra grande recuperação judicial em andamento, da mineradora Samarco, que preservou o apoio dos trabalhadores a um plano de reequilíbrio financeiro, apesar de ser geradora de caixa. A Samarco está em recuperação judicial desde abril de 2021, com uma dívida de R$ 50 bilhões.
Esta coluna foi publicada no Broadcast no dia 28/02/2023, às 17h01
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