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Bastidores do mundo dos negócios

Americanas respinga em Ambev e mais investidores apostam na queda da ação

Ambas as empresas têm o trio Jorge Paulo Lemann, Carlos Alberto Sicupira e Marcel Telles entre seus principais acionistas

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Fábrica de cervejaria da Ambev em Petrópolis Foto: MARCOS ARCOVERDE/ESTADAO

A crise da Americanas afetou, em certa medida, a percepção dos investidores sobre a Ambev. As duas companhias têm o trio de investidores Jorge Paulo Lemann, Carlos Alberto Sicupira e Marcel Telles entre seus principais acionistas. Na companhia de bebidas, um dos indícios da piora da percepção é o aumento da taxa de remuneração do acionista que empresta o papel para aluguel. Na casa de 1,2% antes da descoberta do escândalo contábil da varejista, chegou a bater em 5% no dia útil após o caso se tornar público e se mantém em patamar mais alto. Na terça-feira (24), a máxima foi de 3%. Taxas mais altas indicam uma maior demanda pela operação, ou seja, que mais investidores apostam na queda da ação. Em janeiro, a ação da Ambev acumula retração de 6,5%, enquanto o Ibovespa sobe 3%.

Taxa de aluguel de ações disparou na varejista

Na Americanas, que é menos líquida, há registro da taxa de remuneração do aluguel de mais de 300% após o anúncio do rombo. No mês, a ação da varejista caiu mais de 90%. Como a Ambev é uma ação muito líquida, sempre há investidores dispostos a doar o papel para aluguel. Por isso, a taxa do não sobe tanto como em empresas com menor volume de negócios.

Investidor resgata problemas do grupo

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“Ambev sempre tem doador disponível, mas mesmo assim as taxas tiveram um aumento”, afirma um gestor. Desde a descoberta do rombo, ele passou a apostar na queda e lembra que outras companhias administradas por Lemann e seus sócios já tiveram algum tipo de problema contábil no passado.

No mercado, é conhecido o caso da ALL, que ao ser comprada pelo grupo Cosan em 2015, teve os balanços de 2013 e 2014 republicados, por práticas que acabaram inflando indicadores. Pouco depois foi a vez da Kraft Heinz, acusada por reguladores americanos de ter contratos falsos com fornecedores e mascarar custos associados a estas operações, resultando na republicação de balanços e o reconhecimento de uma baixa contábil de mais de US$ 15 bilhões.

“O histórico ficou confuso. Houve questões financeiras da ALL na Kraft Heinz. Assim, o fato de haver participação do trio na Ambev certamente imputa um risco ao papel que tem de ser contabilizado”, avalia Julia Monteiro, analista da MyCap.

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Trio de investidores disse desconhecer “manobras contábeis”

No domingo, o trio de investidores emitiu pela primeira vez, desde o início da crise da Americanas, um comunicado no qual alegam que não tinham conhecimento do que chamaram de “manobras ou dissimulações contábeis” nas contas da varejista. Eles acrescentam que nem empresa de auditoria, a PWC, nem os bancos, jamais denunciaram qualquer irregularidade relativa à companhia.

Mercado de aluguel de ações funciona como termômetro

O mercado de aluguel é um termômetro. É por meio dele que o investidor monta uma estratégia vendida no papel, apostando em sua queda. “Qualquer variação no preço do aluguel é relevante, pois mostra o que o mercado está esperando para a variação”, diz Monteiro.

O Credit Suisse disse em relatório que o anúncio da Americanas abriu uma caixa de Pandora de muitas incertezas. No entanto, os analistas acreditam que o peso negativo sobre os papéis da cervejaria não tem razão real. “Embora o caso da Americanas possa ser um problema para as ações [da Ambev], acreditamos que as preocupações são injustificadas”, dizem no relatório. Procurada, a Ambev não se manifestou até o fechamento desta reportagem.

Esta nota foi publicada no Broadcast no dia 23/01/2023, às 17h59

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