Um efeito paralelo à inexistência da “taxa das blusinhas”, como vem sendo chamado o imposto de 20% sobre compras de produtos importados por pessoas físicas e cuja aprovação irá a votação no Senado esta semana, fez com que a China Gate crescesse 30% no ano passado e preveja crescer outros 50% este ano. Enquanto os consumidores avançavam na internet atrás de roupas, sapatos e itens de consumo pessoal, isentos de impostos federais em compras de até US$ 50 pelo programa Remessa Conforme, os clientes da empresa de comércio internacional faziam de tudo para atendê-los. Principalmente, trazer mercadorias chinesas ao País.
“Importamos produtos para micro e pequenas empresas que vendem em marketplaces (sites de comércio eletrônico) e que perceberam que havia facilidade logística de trazer remessas da China em contêineres compartilhados de maneira legal”, diz Rodrigo Giraldelli, sócio da China Gate. Hoje, mais de 60% do faturamento da empresa de comércio internacional é proveniente desse tipo de importação compartilhada.
Assim, a China Gate cresceu 29% em 2023, quando alcançou faturamento de R$ 18 milhões. Para este ano, a expectativa era atingir R$ 27 milhões. Para atender à demanda maior, a empresa investiu R$ 1 milhão em um galpão logístico em Yiwu, um dos maiores centros atacadistas da China continental. Além da infraestrutura física e tecnológica, também foram contratados oito funcionários (sendo dois brasileiros).
País asiático é a ‘fábrica do mundo’
“Emprego oito pessoas lá fora e 75 no Brasil”, diz ele. “Gostaria de investir mais no País, mas a fábrica do mundo é a China. Incentivamos a comprar no Brasil quando o cliente tem opção nacional com melhor custo-benefício, mas muitas vezes não há o produto aqui ou ele é muito mais caro.”
Professor universitário, Giraldelli começou a ensinar sobre importação legal em canais no YouTube e no Instagram, nos quais tem mais de 280 mil seguidores em cada. Para ele, a “taxa das blusinhas” terá impacto positivo sobre seus clientes, que pagam 80% de impostos federais e estaduais no processo formal de importação de mercadorias. Além de terem mais despesas administrativas como a aprovação de produtos importados no Inmetro e em outros órgãos reguladores.
“Como a taxação das compras cross border vai crescer na ordem de 44% para o consumidor final, a compra direta também vai ficar mais cara, o que tende a fazer com que ele compre mais em plataformas brasileiras”, afirma Giraldelli. “Os chineses ainda têm vantagem sobre os lojistas nacionais, porém, começa a acontecer uma equiparação de condições que tende a beneficiar o varejista brasileiro que faz tudo dentro da lei.”
Este texto foi publicado no Broadcast no dia 03/06/24, às 17h30
O Broadcast+ é uma plataforma líder no mercado financeiro com notícias e cotações em tempo real, além de análises e outras funcionalidades para auxiliar na tomada de decisão.
Para saber mais sobre o Broadcast+ e solicitar uma demonstração, acesse.
Os comentários são exclusivos para assinantes do Estadão.