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Após crescer 70% em três anos, HCor sobe patamar de P&D, com aporte de R$ 162 milhões

Recursos vão para pesquisas de tratamento de doenças cardiovasculares e câncer

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Atualização:
Faturamento do hospital subiu de R$ 700 milhões em 2020 para R$ 1,2 bilhão no ano passado Foto: Alex Silva/Estadão - 25/04/2022

Ao longo das últimas décadas, médicos e pesquisadores do HCor ajudaram a desenvolver procedimentos e tratamentos que transformaram cardiopatias em doenças crônicas, em vez fatais. Agora, a instituição começa a ver a mesma tendência acontecendo com a oncologia, e resolveu apostar mais alto nessa frente. O hospital conseguiu o aporte de R$ 108 milhões da Financiadora de Estudos e Projetos (Finep), que se somará aos R$ 54,2 milhões que investirá nos próximos dois anos.

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No total, serão R$ 162,2 milhões no período, aplicados em pesquisas e integração de protocolos clínicos para o tratamento de doenças cardiovasculares e oncológicas. Até então, a verba anual para pesquisa e desenvolvimento (P&D) era de R$ 20 milhões anuais.

O salto acontece após a instituição ter recebido R$ 300 milhões em investimentos nos últimos quatro anos, destinados à modernização e ampliação de sua infraestrutura. O hospital foi de 240 para 295 leitos, com previsão de chegar a 340 leitos. Na ponta do lápis, isso significou que o faturamento de R$ 700 milhões, em 2020, alcançasse R$ 1,2 bilhão no ano passado, um crescimento de 70%. Até 2027, a expectativa é chegar a R$ 1,5 bilhão com mais uma unidade, além das do Paraíso e da Cidade Jardim, em São Paulo.

Envelhecimento da população

Por trás do maior investimento em P&D em oncologia e cardiologia, está o envelhecimento da população, já que pessoas mais velhas tendem a desenvolver mais tumores. Segundo a Organização Mundial da Saúde (OMS), em 2030, o câncer passará as doenças cardiovasculares como principal causa de morte da população no mundo, realidade já presente em alguns países desenvolvidos.

Assim, o HCor resolveu integrar as duas especialidades, para mitigar a carga dessas doenças. “É um projeto que tem pesquisa, mas também tem cuidado ao doente, ampliação de áreas de atendimento, aumento de leitos e de equipamentos”, afirma Fernando Torelly, CEO do HCor. “É ciência e inovação, com ampliação de estrutura.”

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O projeto tem oito frentes, sendo quatro na área médica e quatro em pesquisa. Um dos objetivos comuns é desenvolver equipes multidisciplinares nos vários pilares, bem como parcerias com outros centros de pesquisa e instituições, segundo Gabriel Dalla Costa, superintendente médico do HCor.

Centro de referência

Na área médica, um dos pilares é transformar o HCor num centro de referência em cardiopatia estrutural, a nova tendência da área. São tratamentos minimamente invasivos, para doenças até então só curáveis por meio de grandes cirurgias.

Outra frente é a criação de um programa de transplante de medula óssea, preparado para implementação de terapias com células CAR-T, outra fronteira da medicina oncológica que envolve imunoterapia com linfócitos T.

Há ainda um programa avançado de tratamento de doenças de disseminação peritoneal, que respondem por alguns dos tumores mais agressivos e envolvem tratamentos bastante sofisticados.

Outro programa será o dedicado a pacientes oncológicos com cardiotoxicidade, que são disfunções cardíacas causadas pelo tratamento de cânceres, uma condição bastante comum. A ideia é, com equipamentos avançados, desenvolver protocolos para identificar o problema, acompanhar os pacientes, mitigar complicações e permitir maior qualidade de vida.

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Instituto de Pesquisa Acadêmica

Com um Instituto de Pesquisa Acadêmica (ARO, na sigla em inglês) estabelecido desde 2007, o HCor consegue conduzir trabalhos que juntam vários hospitais e centros de pesquisa semelhantes no Brasil e no mundo. Nas quatro frentes de atuação dessa área, há testes que buscarão descobrir se o medicamento colchicina tem a capacidade de prevenir novos eventos cardíacos. Serão feitos testes com 7 mil a 8 mil pessoas, em vários centros no País.

Também será estudado uma “polipílula”, uma formulação que junta vários remédios. Há ainda a frente de pesquisa com um tratamento minimamente invasivo de câncer de mama, com crioblação, que é o congelamento de tumores de pequeno porte num tratamento ambulatorial, sem a retirada de toda a mama.

“Numa primeira fase, já tratamos 40 pacientes”, afirma Alexandre Biasi, superintendente de ensino e pesquisa do HCor. “Agora, faremos um estudo de maior porte, com 600 pacientes, para validar a técnica.”

Há também uma frente de estudos sobre uso de radioterapia para tratamento de câncer em doses baixas, para pacientes com insuficiência cardíaca. E outra de medicina de precisão para células tumorais circulantes. “As melhores instituições do mundo fazem da melhor forma possível assistência, ensino e pesquisa”, diz Torelly. “Estamos avançando nas três áreas.”


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Este texto foi publicado no Broadcast no dia 25/09/2024, às 16h14.

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