Após a conclusão da compra da D’Or Consultoria, a corretora de seguros MDS Brasil deve se tornar uma das maiores gestoras de contratos de benefícios corporativos do País. Entretanto, a fatia que terá do mercado ainda será menor que 2%, o que indica espaço para mais crescimento nos próximos anos. Essa expansão deve vir tanto da carteira atual quanto de aquisições.
A aquisição da corretora, que pertencia à Rede D’Or, foi aprovada pelo Conselho Administrativo de Defesa Econômica (Cade) em 1º de agosto. O negócio foi fechado em maio e avaliado em R$ 800 milhões, e agregará à MDS uma carteira de 2,5 milhões de usuários, em especial em saúde.
O CEO da MDS Brasil, Ariel Couto, afirma que mesmo com o processo de integração da D’Or, a companhia segue de olho em potenciais ativos. “Seja no Brasil, seja na América Latina, seguimos abertos a avaliar oportunidades que façam sentido estrategicamente”, diz ele ao Broadcast.
Operações em série
Nos últimos seis anos, a MDS fez 12 aquisições no Brasil, com investimento total não revelado. A operação da D’Or acelera este movimento, ao mais que dobrar o volume financeiro dos contratos que a corretora passará gerir no País.
Fontes de mercado estimam que 90% dos contratos de seguro emitidos no País passem por corretores, autônomos ou reunidos em empresas. É uma movimentação ampla, mas também fragmentada. “Com a combinação, vamos administrar R$ 9 bilhões em prêmios, o que dá aproximadamente 1,6% do mercado brasileiro”, diz Couto.
Outros agentes têm se movimentado no setor. No ano passado, a gestora americana Warburg Pincus fez uma oferta para tirar da Bolsa a Alper, corretora que fez dezenas de aquisições nos últimos anos. Nomes internacionais, como a Gallagher, também têm ido às compras no mercado brasileiro.
Com a incorporação da D’Or, a MDS continuará tendo Couto como CEO. Os executivos da D’Or Consultoria continuarão na empresa.
Maior demanda
A consolidação entre corretoras de seguros e de benefícios também reflete uma maior demanda pelos serviços, em especial entre clientes de grande porte. No mercado de seguros, linhas como a patrimonial experimentaram um aumento de preços nos últimos anos, motivado pelos efeitos dos juros e da inflação sobre as linhas de resseguro em âmbito global.
Em saúde, o fator de pressão é local: a inflação médica após a pandemia pressionou os custos das operadoras, que repassaram os preços aos contratos empresariais e coletivos. Nos planos individuais, os reajustes são definidos pela Agência Nacional de Saúde Suplementar (ANS).
Neste cenário, a demanda pelos serviços dos corretores tem crescido, em especial no segmento de benefícios corporativos, o que inclui os planos de saúde. O desempenho da economia brasileira é outro fator que aquece a busca por esse mercado.
Correlação com o emprego
Em 31 de julho, o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) divulgou que o desemprego no Brasil caiu de 7,1% no trimestre encerrado em maio para 6,9% no trimestre encerrado em junho. É a menor taxa de desocupação em mais de nove anos.
“Como estamos muito orientados aos planos corporativos, seja de pequenas e médias ou de grandes empresas, temos uma correlação direta com o patamar de emprego”, diz o CEO da MDS. “É uma demanda que cresce, e queremos colaborar para que o mercado seja saudável e sustentável também no curto, médio e longo prazos.”
Este texto foi publicado no Broadcast no dia 02/08/2024, às 18h19.
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