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Bastidores do mundo dos negócios

Austral, seguradora da Vinci, busca crescer em meio a mercado adverso

Empresa tinha cerca de 10% do segmento de resseguros em outubro; no fim do ano passado, essa fatia era de 7%

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Foto do author Matheus Piovesana
Port Charlotte, na Flórida, após a passagem do Ian, que causou perdas de US$ 60 bilhões para as seguradoras Foto: Johnny Milano/NYT

A maior aversão do mercado de seguros a riscos diante do aumento dos juros, da inflação e dos pedidos de indenização neste ano ajudou a abrir espaço para que a Austral, controlada pela Vinci Partners, ganhasse espaço. O ajuste deve continuar em 2023, assim como o apetite do grupo para crescer.

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Em resseguros, a Austral tinha cerca de 10% do mercado em outubro, de acordo com dados da Superintendência de Seguros Privados (Susep). No fim do ano passado, essa fatia estava em 7%. A expectativa é de aumentar essa fatia nos próximos anos, ideia que se estende ao braço de seguros do grupo.

“Nós temos possibilidade de crescer mais que o mercado. Existe uma restrição de capacidade no Brasil e na América Latina, e vemos algumas avenidas específicas, como o vida”, afirma o CEO da Austral Re, Bruno Freire. Essas restrições de capacidade estão relacionadas ao aumento dos juros e da inflação em todo o mundo, mas também às mudanças climáticas, que ampliaram a frequência e a severidade de eventos catastróficos.

No Brasil, neste ano, isso se traduziu em prejuízos para as resseguradoras que atuam no setor rural, graças à quebra de safra no Sul do País. A Austral, porém, deixou o ramo há dois anos, preocupada justamente com o aumento da frequência de eventos climáticos. “Nas demais linhas, não ligadas a clima, vimos um crescimento importante.”

Neste ano, o furacão Ian, com perdas de US$ 60 bilhões para as seguradoras, foi o mais recente episódio de uma série, que inclui a Guerra da Ucrânia e os acionamentos de seguros relacionados a aeronaves e navios. A crise energética desencadeada pelo conflito também contribui para a pressão.

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“Depois de perder dinheiro, é preciso fazer um ajuste. E esse ajuste é global”, avalia Freire.

Em seguros, grupo mira áreas de responsabilidade civil e de garantia

Em seguros, o grupo também tem apetite para crescer, e mira as áreas de responsabilidade civil e de garantia. Nesse caso, os grandes projetos de infraestrutura contratados para os próximos anos devem trazer uma avenida de crescimento ao setor que a Austral quer aproveitar. A retomada do mercado de capitais também deve trazer mais apólices.

O CEO da seguradora do grupo, Carlos Frederico Ferreira, afirma que uma série de linhas de seguro devem ser beneficiadas tanto pelas garantias a novos projetos quanto por relicitações. No mercado de capitais, o seguro garantia é o foco. “Se tivermos um ciclo de recuperação de IPOs, necessariamente os seguros de responsabilidade vão demandar mais capacidade.”

Faturamento cresceu 28% no primeiro semestre

No primeiro semestre, data dos dados mais recentes, o grupo teve lucro líquido de R$ 32,2 milhões, alta de 18% em um ano, enquanto o faturamento consolidado cresceu 28%, para R$ 1,5 bilhão. A seguradora teve lucro de R$ 9,4 milhões, e a resseguradora, de R$ 22,5 milhões, com recorde nos prêmios emitidos (de R$ 817,1 milhões, alta de 72% em um ano).

Em resseguro, a Austral olha para outros países. Na América Latina, a atuação se dá em praticamente todos os países, e o contexto também é favorável. “Nos últimos anos, vimos empresas tirando capacidade do Brasil e da América Latina porque operou com perdas”, observa Freire.

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Ferreira acrescenta que em setores como o de petróleo, há um ciclo relevante de investimentos à frente, com infraestruturas de exploração e produção que exigirão seguros. “Temos um horizonte de quatro, cinco anos de investimentos que devem continuar a acontecer no Brasil”, diz ele.


Esta nota foi publicada no Broadcast no dia 30/11/2022, às 10h00

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