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Bastidores do mundo dos negócios

Bancos ficam com comissão de quase R$ 1 bilhão em captação da Aegea

Taxa recebida pela participação na venda de títulos da empresa ficou em 17% do valor da captação

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Itaú BBA, BTG Pactual, Bradesco BBI, XP, JP Morgan, ABC Brasil e BNDES ganharam o total de R$ 964,4 milhões na captação de R$ 5,5 bilhões  Foto: AEGEA


A captação bilionária da empresa de saneamento Aegea, de R$ 5,5 bilhões em título de dívida (debêntures) na semana passada, chamou atenção não apenas por ser a maior já feita no Brasil para investimentos em infraestrutura, mas também pela comissão paga aos bancos, que chegou a quase R$ 1 bilhão, nível raramente visto no mercado de capitais.

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Os documentos oficiais da operação mostram que os bancos coordenadores - Itaú BBA, BTG Pactual, Bradesco BBI, XP, JPMorgan, ABC Brasil e Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES) - receberam R$ 964,4 milhões, o equivalente a 17% da captação. Na operação da Iguá, também de saneamento, que captou R$ 3,8 bilhões em junho, a comissão aos bancos foi bem menor, de 6,3% da operação.

O diretor de um banco de investimento que ficou fora da operação da Aegea diz que a taxa salgada é o preço pela garantia firme, um mecanismo que só existe no Brasil, pelo qual os bancos participantes se comprometem a ficar com o papel caso não exista demanda por parte de investidores.

Juro pago ao investidor ao longo dos anos será menor

E não é só isso. Quanto mais longo o prazo de vencimento do título de dívida, mais alta a comissão dos bancos. Na Aegea, as debêntures vencem em 10 e 18 anos. No valor quase bilionário cobrado está embutido também um fee (pagamento) pelo sucesso da operação, que de fato aconteceu. Houve o dobro de demanda em relação aos papéis ofertados e, com isso, o prêmio pago pela empresa aos investidores que compraram as debêntures caiu bastante. Isso significa queda no juro pago ao longo dos anos para os investidores nessas debêntures.

Com a comissão nesse nível, fora da curva do que as empresas costumam pagar, o executivo que ficou fora da operação diz lamentar todos os dias por não ter participado. O BNDES ficou com R$ 1,9 bilhão do total das debêntures da Aegea. A procura pelos papéis, que tiveram critérios sustentáveis, superou R$ 9,6 bilhões, com muitos pedidos também de pessoas físicas.

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Procurados, BTG Pactual, Bradesco BBI, XP, ABC Brasil e BNDES não responderam até a publicação desta nota. O JP Morgan não comenta. O Itaú BBA afirmou que “a remuneração do sindicato de bancos participantes da oferta de debêntures da Águas do Rio, empresa de saneamento da Aegea, refletiu o êxito desta operação, diante de sua dimensão, complexidade e condições de mercado desafiadoras”.

Aegea diz que valor está dentro dos padrões de mercado

Já a Aegea disse que a comissão paga aos coordenadores está dentro dos padrões de mercado. “As comissões são compostas por (i) comissões de estruturação e garantia firme e (ii) comissão de sucesso, que corresponde a um porcentual sobre a economia gerada entre a taxa teto e a taxa do book sobre o prazo médio das séries. Tal comissão de sucesso é resultado da melhora das condições de mercado observadas da data da contratação da garantia firme com o sindicato de bancos até a data da precificação da operação, bem como da confiança do mercado na capacidade operacional e de entrega da Aegea”.

“O custo total da emissão, ainda assim, ficou abaixo do esperado considerando a compressão de taxas, beneficiando o projeto como um todo”, diz a companhia.

Segundo a Aegea ainda, a oferta de debêntures “faz parte de uma estrutura do financiamento total de Águas do Rio, que totaliza R$ 25,5 bilhões e que compreende linhas de financiamento com o BNDES, com o Banco Interamericano de Desenvolvimento (BID), Proparco e Saneamento para Todos”.


Esta nota foi publicada no Broadcast no dia 16/08/23, às 16h20.

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