EXCLUSIVO PARA ASSINANTES
Foto do(a) coluna

Bastidores do mundo dos negócios

Bancos perdem ‘um Bradesco’ em valor de mercado ao longo de 2024

Queda no valor em bolsa dos quatro maiores bancos foi de R$ 122 bilhões em 2024

PUBLICIDADE

Publicidade
Foto do author Matheus Piovesana

Os quatro maiores bancos brasileiros negociados em Bolsa perderam R$ 122 bilhões em valor de mercado ao longo do ano de 2024. O valor é superior ao que o Bradesco é avaliado pelos investidores (R$ 118,1 bilhões), e reflete o pessimismo que tomou conta da B3 no segundo semestre. Na visão de analistas, com o aperto da taxa Selic para conter a inflação, a carteira de crédito dos bancos deve crescer menos em 2025 e há riscos de aumento na inadimplência, que foi uma pedra no sapato do setor durante os anos de 2022 e 2023.

B3, placar de cotação FOTO: DANIEL TEIXEIRA/ESTADAO 

PUBLICIDADE

Maior queda. Em termos proporcionais e nominais, a maior queda foi a do próprio Bradesco, que perdeu cerca de 30% do valor desde o começo do ano. Em um ano de início da transformação, o segundo maior banco privado do País contrariou expectativas do mercado de uma recuperação mais rápida da rentabilidade, mesmo sem ter prometido que a retomada seria veloz.

Logo depois. Mesmo com resultados em alta, o Santander Brasil perdeu mais de 25% do valor de mercado. Pesou em especial a mensagem transmitida pelo banco no balanço do terceiro trimestre: com o cenário mais incerto na economia, 2025 deve ser um ano de desaceleração no crédito.

Selic a 14,25%. O pano de fundo para essa desaceleração no crescimento é a taxa Selic, que deve chegar a pelo menos 14,25% ao ano - e parte do mercado acredita que pode até mesmo furar os 15%. Com juros mais altos, a capacidade de consumo e pagamento de famílias e empresas cai, e os bancos fecham a torneira para conter a inadimplência.

Efeito dominó. Na visão de executivos do setor, uma eventual piora do cenário deve começar pelas empresas. O crédito corporativo tem juros atrelados à Selic, ou seja, o custo financeiro sobe junto com o aperto monetário. Em setores como o varejo, que tem margens baixas e ainda não se recuperou totalmente do ciclo ruim de 2022 e 2023, os problemas podem surgir rapidamente.

Publicidade

O outro lado. O banco que perdeu menos valor entre os quatro, o Itaú, tem apontado a receita que o setor deve seguir: crescimento entre clientes conhecidos e com renda mais alta. Essa fórmula fez com que o conglomerado atravessasse intacto a piora do ciclo anterior, e manteve a rentabilidade acima dos 20%. Como resultado, os acionistas receberam R$ 11 bilhões em dividendos extras no começo deste ano, e devem ganhar ainda mais em 2025.

Tempo nublado. No Banco do Brasil, a queda de 11,7% no valor de mercado foi motivada pela piora no crédito do setor agrícola, que teve um 2024 difícil após anos de bonança com a contração nas margens dos produtores. Ainda assim, o BB caminha para um lucro recorde no ano, e espera voltar a ganhar tração em linhas de crédito mais rentáveis no ano que vem.

Esta notícia foi publicada no Broadcast+ no dia 31/12/2024, às 10:00

O Broadcast+ é uma plataforma líder no mercado financeiro com notícias e cotações em tempo real, além de análises e outras funcionalidades para auxiliar na tomada de decisão.

Comentários

Os comentários são exclusivos para assinantes do Estadão.