Todos os anos, o CEO da BlackRock envia uma cartinha aos investidores. Mas não é uma missiva qualquer. Os escritos de Larry Fink, responsável pela gestão de US$ 10 trilhões, tornaram-se uma espécie de bússola para onde todos devem, e olham, com bastante atenção. Na homilia deste ano, o papa do mercado financeiro global diz estar preocupado com o desequilíbrio entre o aumento da longevidade dos humanos e a capacidade dos sistemas de previdência fazerem frente ao número cada vez maior de aposentados ao redor do mundo.
“De tempos em tempos, refaz-se a escala de longevidade e vamos incorporando o aumento dessa demanda. Fechar essa conta é mais difícil para os regimes de previdência pública do que para os fundos privados de pensão”, avalia Ricardo Serone, novo diretor financeiro e de investimentos da BB Previdência. A empresa integra o conglomerado do Banco do Brasil (BB) e atua como fundo de pensão multipatrocinado, atendendo planos de benefícios previdenciários de empresas públicas ou privadas, associações de classe e sociedades de economia mista.
A diretoria da BB Previdência, anunciada no início deste ano, mudou a política de investimentos dos fundos para o quadriênio 2024-2028. “Com a tendência de queda na Selic, vamos aumentar nossa exposição em renda variável no Brasil e no exterior. As aplicações em renda variável no País poderão atingir até 13% do total, enquanto as aplicações no segmento exterior se aproximarão de 9%”, diz Serone em entrevista exclusiva ao Broadcast. Em 2023, esses porcentuais foram de 6,88% e 1,89%, respectivamente. “São segmentos de maior volatilidade, mas também com projeção de maior retorno diante das previsões de queda para as taxas básicas de juros, que devem impulsionar os investimentos em bolsas de valores”, afirma ele.
Mudança será gradativa
A transição para renda variável deve ser gradativa, de acordo com a mudança de cenário, para alcançar 13% ainda em 2024, com exposição em fundos de índice e em fundos de gestão ativa, afirma Serone. Segundo ele, a exposição a ações internacionais será por meio de fundo de gestão ativa próprio da BB Previdência. “Para renda fixa global, há internamente a análise cuidadosa das oportunidades do segmento, assim como da exposição cambial em todos os veículos”, diz o executivo.
A exposição em renda fixa, completa o executivo, se divide em algumas segmentações, sendo a principal títulos públicos federais. “Além disso, há exposição em crédito privado de alta qualidade, através de fundos. Em geral, outras exposições são de menor relevância ou estão ainda em fase de análise.”
A BB Previdência, diz o executivo, trabalha com uma expectativa de taxa básica de juros de 9% ao ano no Brasil ao final de 2024 e com o início da queda na taxa de juros nos Estados Unidos a partir de setembro. Já o retorno consolidado para os planos que administra está estimado entre 10% e 11% neste ano, acima da meta prevista, de INPC + 4,10%. A companhia administra carteira com mais de 238 mil participantes e tem cerca de R$ 8,4 bilhões de ativos sob gestão.
Este texto foi publicado no Broadcast no dia 02/04/24, às 12h40
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