A Bee4, que acabou de receber autorização definitiva para ser uma central depositária, espera para os próximos meses outra licença permanente a fim de operar um mercado organizado de balcão.
A companhia, que funciona como uma “bolsa de acesso” para empresas de menor porte, pediu as duas autorizações à Comissão de Valores Mobiliários (CVM) simultaneamente no ano passado. Atualmente, a empresa opera e é regulada no ambiente experimental da CVM, o chamado sandbox.
A licença já conquistada permitirá que a nova central ofereça os serviços de depósito de valores mobiliários, abrangendo a guarda, registro e liquidação de operações. A expectativa da empresa é que a autorização permanente para administrar mercado de balcão organizado saia nos próximos meses.
“Tão logo a gente tiver a licença definitiva e o regime da CVM seja flexibilizado, estaremos prontos para explorar a renda fixa com tudo”, disse ao Broadcast Patrícia Stille, cofundadora e CEO da BEE4.
Operacional em até seis meses
A operacionalização da central depositária está sendo estruturada na tecnologia blockchain, a mesma dos criptoativos. A Bee4 estima que, em um prazo de seis meses, estará operando integralmente, sendo que o foco inicial será em notas comerciais. Posteriormente, o plano é também registrar debêntures e as ações das empresas emitidas na própria Bee4.
Na agenda regulatória de 2025, está programada a instituição do Regime Fácil, com regras para estimular um segmento de acesso ao mercado de capitais para pequenas e médias empresas (PMEs). Hoje, no sandbox da CVM, a Bee4 pode emitir ações para empresas com até R$ 300 milhões de faturamento anual. A estimativa é que este valor suba para R$ 500 milhões no novo arcabouço.
Seca de IPOs e foco na renda fixa
A Bee4, batizada em referência à letra e o número que dão nome à Bolsa brasileira (B3), foi fundada e lançou ações de quatro companhias em uma época de seca de emissões no mercado tradicional. Desde o fim de 2022, foram quatro ofertas públicas iniciais (IPOs, na sigla em inglês) de empresas médias: Mais Mu, Engravida, Plamev Pet e Eletron Energia.
As emissões ao todo somam R$ 30 milhões, e o volume de negociação no balcão acumulado no período é de R$ 5 milhões. Pela baixa liquidez no mercado secundário até então, os pregões são realizados semanalmente, às quartas-feiras. Há planos de expandir o cardápio de ações de PMEs, mas Stille aponta que, neste ano em que, novamente, a renda fixa é a bola da vez, o foco ficará na renda fixa privada.
As licenças definitivas devem ampliar a capacidade de distribuição da Bee4. Hoje já há parceria com a mesa do Itaú que atende clientes private e com a plataforma da Genial Investimentos. “Estar no sandbox gera certa dúvida para as instituições. As autorizações definitivas trazem segurança para elas”, afirmou Stille. A empresa tem como investidor relevante a Núclea (ex-CIP), que tem como sócias 48 instituições financeiras entre as maiores do País.
Esta notícia foi publicada no Broadcast+ no dia 31/01/2025, às 15:29.
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