A Brookfield acaba de comprar cinco prédios residenciais no centro de São Paulo, como parte da estratégia para crescer no setor de imóveis residenciais para aluguel, foco de seus investimentos imobiliários no Brasil. Além disso, a transação joga luz sobre as novas oportunidades de negócios na região central da cidade. O local passou por um êxodo nas últimas décadas, mas tem voltado a brilhar graças a restaurantes, lojas, casas noturnas e outros comércios que se instalaram ali e atraíram novos visitantes e moradores.
Os prédios adquiridos pela Brookfield faziam parte do Fundo de Investimento Planta Retrofit, que tem a gestora Valora como maior cotista e a incorporadora Planta Inc à frente das obras. Originalmente, os prédios eram comerciais, mas com várias salas e andares inteiros desocupados.
O fundo fez a compra dos imóveis nos últimos anos, e a incorporadora atuou na reforma e na transformação das salas comerciais em unidades residenciais, que agora integram uma plataforma de aluguel de curta a média temporada, com serviços similares aos de hotelaria. Ao todo, são 309 apartamentos e oito lojas térreas. Os modelos vão desde estúdios de 25 m² a apartamentos de um, dois e três dormitórios, com até 280 m².
Segundo grande investimento na região
Este é o segundo grande investimento da Brookfield no Centro de São Paulo, que já havia comprado três prédios da incorporadora TPA ano passado. Ali, porém, os apartamentos serão voltados para a locação tradicional, com duração entre 12 e 30 meses. Desta vez, o foco é na locação de poucos dias ou semanas, o que atende viagens a turismo e trabalho.
“Gostamos do Centro de São Paulo e queremos investir mais aqui. Não se trata de uma aposta. Vemos a região como uma realidade”, diz o vice-presidente sênior de investimentos da Brookfield, André Lucarelli, em conversa com a Coluna. “O Centro tem crescido como um polo cultural e gastronômico. Isso já existe. Na sequência disso, vem uma procura grande por moradia, mas faltam produtos de qualidade.”
Exemplo disso é a procura elevada do público pelos prédios que passaram por retrofit e foram comprados pela Brookfield agora, que irá faturar com as hospedagens. A ocupação média já chega a 90% no caso dos prédios reabertos há mais de um ano. As diárias partem da faixa de R$ 300 a R$ 500, e o aluguel pode ser feito pelo site da proptech Tabas, que, por sua vez, foi comprada operadora norte-americana Blueground em 2022.
Valor histórico
Os prédios adquiridos pela Brookfield são da metade do século passado e se destacam pela arquitetura modernista. Quatro ficam na Vila Buarque e um na Bela Vista. O destaque do pacote é o Edifício Renata Sampaio Ferreira, tombado em 2012 pelo seu valor histórico e arquitetônico. Construído na década de 1950 com projeto do arquiteto Oswaldo Bratke, o imóvel foi reformado em um projeto assinado pelo escritório Metro Arquitetos que recebeu o prêmio de melhor retrofit do mundo em 2023 pela revista britânica Monocle. Os outros edifícios comprados são: União Continental, Arinda e Magdalena Laura (Vila Buarque) e Bianca (Bela Vista). O último tem previsão de inauguração para setembro.
“A Vila Buarque é o bairro mais legal de São Paulo hoje. É um bairro criativo e turístico com alta demanda por moradia e apartamentos para curta temporada”, aponta o presidente da Planta Inc, Guil Blanche. “Nós mapeamos os prédios subutilizados que poderiam ser requalificados, com uma mudança de atividade para gerar valor. Ver a Brookfield fazer essa aquisição é como um selo de qualidade para esse tipo de iniciativa.”
Locação residencial no foco
Com isso, o portfólio da Brookfield no segmento residencial para aluguel passa a ser composto por 27 prédios, com 5,1 mil apartamentos, espalhados por São Paulo, Belo Horizonte, Curitiba e Porto Alegre, entre outras cidades. Assim, o grupo avança na liderança do setor no País.
Do total, 12 prédios e 1,7 mil apartamentos já estão em funcionamento, e o restante em fase de obras ou ainda na planta. Até o fim de 2024, a expectativa é chegar a 2,3 mil unidades em operação. A maioria deles é comercializada pela Luggo (do grupo MRV) e destinados à locação tradicional, para famílias de classe média, onde há maior potencial de ganho de escala.
Segundo Lucarelli, a Brookfield tem 4 mil apartamentos sob análise em diversos empreendimentos que podem vir a ser adquiridos nos próximos anos. “Pelo menos metade disso, devemos botar para dentro”, estima Lucarelli. Ao todo, o portfólio de imóveis sob gestão da Brookfield soma R$ 27 bilhões.
Este texto foi publicado no Broadcast no dia 20/08/2024, às 17h09.
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