O BTG Pactual decidiu dar um passo a mais no seu esforço de apoio às startups, com uma dose extra de risco. Por meio do boostLAB, tradicional programa de potencialização aos negócios iniciantes, o banco passará agora a investir nas empresas escolhidas. Os aportes serão de até R$ 1,5 milhão por startup.
Até então, o apoio se dava principalmente por meio de mentorias e treinamentos. Embora fosse comum que os negócios apoiados também se tornassem fornecedores do banco, não havia o compromisso de investimento, embora isso pudesse ocorrer de forma esporádica.
Entre as seis selecionadas deste ano estão empresas ligadas às áreas de Inteligência Artificial, de experiência do consumidor e de vendas digitais. A seleção atual é a primeira no novo formato. O processo passa a ser anual a partir de agora, depois de dez edições de forma semestral.
“Com os aportes, vamos trabalhar ainda mais para que as startups sejam bem sucedidas, afinal somos sócios do negócio e acreditamos fortemente na tecnologia que elas estão desenvolvendo”, afirmou Pedro Compani, responsável pelo boostLAB, em entrevista à Coluna.
Compani explicou que o investimento é dividido em duas fases: na primeira, todas recebem R$ 500 mil sob gestão da área de Capital Privado do BTG e, na segunda, o banco tem a opção de investir até R$ 1 milhão na próxima captação feita pela empresa.
Entre as 539 startups inscritas, as selecionadas foram: Data Rudder, ElloX, Fluid, LastLink, Streamshop e Turivius.
Com número recorde de inscritos, Compani observa que o crescimento da boostLAB nos últimos cinco anos forneceu a condição necessária para o banco tomar mais risco.
“Antes éramos equity free (sem investimento acionário) e fazíamos investimentos de forma esporádica, porque fazia sentido estratégico para o banco. Agora, vamos ‘cobrar’ o pedágio do programa, porque a qualidade atraída está fazendo sentido para os interesses do BTG e das companhias do banco”, diz Compani.
Startups selecionadas
Entre as empresas escolhidas na edição atual, duas estão fortemente ligadas à inteligência artificial (IA): a Data Rudder, uma plataforma baseada em IA e auto machine learning, com soluções para os mercados de Antifraude para Cartão, Pix e CX (experiência do cliente, na sigla em inglês); e, a Turivius que utiliza a IA para resolver problemas de insegurança jurídica do Brasil, por meio da tecnologia de jurimetria.
Compani destaca que o olhar para ideias disruptivas também foi contemplado, como é o caso da escolha da startup Stream Shop, uma plataforma de soluções de venda interativas por vídeos adaptados a diferentes modelos de negócio, criando projetos interativos para grandes marcas e facilitando a conversão de vendas online.
A mesma oportunidade é vista na empresa Lastlink, uma plataforma para gestão e monetização de conteúdos digitais por meio de assinaturas ou pagamentos únicos, além de permitir a criação de um funil de vendas.
Já as outras duas empresas selecionadas podem ajudar nos processos executados pelo banco: a Ellox Logtech, startup com foco na logística internacional de cargas, que visa a transformar a gestão das cadeias de suprimentos de exportadoras e importadoras; e, a Fluid Solução de integração de dados e sistemas (EIPaaS) que resolve desafios complexos de empresas e startups com agilidade, performance e segurança.
Nesta edição, as startups selecionadas têm possibilidade de ganho de escala e maior sinergia com os negócios e valores do BTG, na visão do responsável pelo boostLAB. “Estamos estrategicamente alinhados e já imaginamos o que podemos fazer com cada uma delas”, complementa. Com as seis empresas, o programa do BTG chegará a 82 startups potencializadas, das quais cerca de 70% fizeram algum tipo de negócio com o banco.
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